Diário de uma Epidemia

Mães de bebês com microcefalia sofrem com assistência longe de casa

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Publicado em 23/02/2018 às 10:40

-Reprodução/TV Jornal

Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde apontou que, no Brasil, apenas uma em cada sente crianças com microcefalia causada pelo Zika Vírus recebeu o atendimento médico adequado em 2017. Para tentar driblar as dificuldades, muitas mães passaram a adotar rotinas difíceis de deslocamento para outras cidades, na tentativa de conseguir apoio clínico.

Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES), no Estado existem 32 unidades de referência para o tratamento das crianças. Dessas, 25 estariam prontas para prestar serviços de fisioterapia para a reabilitação dos bebês. No entanto, as famílias do interior ainda afirmam enfrentar muitas dificuldades. “A gente chega aqui 16h30. Ele chega cansado e ainda vou dar banho. Ele dorme e na hora da terapia está cansado. Não rende o que deveria render”, contou a dona de casa Maria de Fátima Santos, que todas as semanas gasta 3h de viagem, da cidade de Frei Miguelinho, no Agreste de Pernambuco, até o Recife.

União das Mães de Anjo

No bairro do Barro, na Zona Oeste do Recife, há mais de dois anos, a União das Mães de Anjo (UMA) presta apoio para as mães que enfrentam transtornos durante a estadia na cidade. “A maior dificuldade que a gente vê é que as mães correm para onde as portas estão abertas. Então, elas fazem cada especialidade em um lugar. Além de cansar a criança, ela não produz o que poderia produzir. Esses profissionais não conversam e não montam um objetivo em comum”, contou a presidente da UMA, Germana Soares.

Exemplo

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Na cidade de Campina Grande, na Paraíba, a assistência oferecida pelo Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (IPESQ) vem sendo bastante elogiada. Nele, 127 crianças recebem atendimento diário com fisioterapias e consultas médicas voltadas para os bebês. “Desde o começo minha grande preocupação era o que aconteceria com essas crianças no futuro, porque sempre acreditamos que a pesquisa deveria andar junto à assistência., que um pesquisador deveria andar junto para ver o que poderia melhorar”, contou a médica Adriana Melo.

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