Entrevista

Acidente na Tamarineira: um ano depois, Miguel tenta lidar com perdas

TV Jornal
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Publicado em 26/11/2018 às 8:49

-Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem

Nesta segunda-feira (26), faz um ano que um acidente destruiu uma família, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. Em um cruzamento, um motorista de um carro furou o sinal vermelho, em alta velocidade, e atingiu o veículo do advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho.

A esposa dele, Maria Emília, o filho do casal, Miguel Neto, e a babá, Rosimeire Maria, que estava grávida, morreram no local. O advogado e a filha, Marcela, de 5 anos, sobreviveram. Um ano após perder parte da família, o advogado tenta encontrar forças para seguir em frente. "A família é o nosso teto e o nosso chão. E quando você tira o teto e o chão, você fica desnorteado. Era como eu me sentia", desabafa.

Saudade

Miguel passa pelo local do acidente todos os domingos. Para ele, fazer esse trajeto é reviver momentos de dor e de saudade. "Isso vem na cabeça da gente, é uma coisa involuntária. É uma condição que deprime, mas você tem que ser forte para mudar o pensamento, mudar o foco", conta.

Hoje, o advogado dedica o tempo para cuidar da filha Marcela, que está com 6 anos. Após o acidente, a menina ficou com muitos traumas e sequelas. Marcela não anda, não fala e precisa de cuidados 24h por dia. "Graças a Deus ela vem evoluindo. Eu não tenho esse direito de cair, se ela está aqui do meu lado lutando", conta.

Suspeito

O responsável pelo acidente, João Victor Ribeiro de Oliveira, de 26 anos, está preso e já teve habeas corpus negado pela justiça. Ele responde por triplo homicídio doloso, quando há intenção de matar. O crime foi triplamente qualificado. O estudante universitário responde ainda por dupla tentativa de homicídio.

Para Miguel, que perdeu quase toda a família, será difícil superar a dor e a saudade, mas ele segue com uma palavra em mente: justiça. "A justiça está sedo feita, e a gente tem a convicção e a certeza de que esse não vai ser mais um caso sem solução", afirma.

O acidente

O jovem João Victor Ribeiro de Oliveira Leal, de 25 anos, dirigia a 108 km/h um Ford Fusion, que atingiu o Toyota RAV4, conduzido a 30 km/h pelo advogado Miguel Arruda. No acidente, morreram a mulher do advogado, Maria Emília Guimarães, 39 anos; seu filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, 3; e a babá grávida de três meses Roseane Maria de Brito, 23. A menina Marcela, 5 anos, e o pai sobreviveram.

O laudo pericial constatando as velocidades faz parte do inquérito que foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Na conclusão do inquérito policial, o delegado Paulo Jean, responsável pelas investigações, encaminhou o resultado ao Ministério Público e indiciou o motorista por triplo homicídio doloso, pois ele assumiu o risco de matar ao beber e dirigir em alta velocidade, e por lesão corporal dupla grave.

No último mês de janeiro, Marcela recebeu alta e continuou o seu tratamento médico em casa. João Victor teve pedido de prisão domiciliar negado pelo Ministério Público de Pernambuco.