O corpo da pernambucana Raynéia Gabrielle Lima, morta na Nicarágua, chegará ao Recife às 00h35 desta sexta-feira (3). Os R$ 16 mil pagos para trazer a jovem foram custeados pelo Governo de Pernambuco. O corpo da estudante de medicina seguirá do Aeroporto do Recife para o cemitério Morada da Paz, onde será sepultado às 11h da sexta-feira (3).
"Para a nossa surpresa e tristeza, o Governo Federal não arcou com quantia alguma do processo. Mas o que não podíamos aceitar que Raynéia fosse enterrada na Nicarágua, que seu corpo fosse entregue para a mãe", afirma o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico. Sobre o processo de investigação, o secretário afirma que o Estado entrou com uma representação na Organização dos Estados Americanos, através do Itamaraty. "As informações dadas pela Nicarágua não são esclarecedoras ou satisfatória", diz.
O crime
Agência Brasil
A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta, na noite de segunda-feira (23), com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua.
A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.
O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril "era parte de uma farsa" porque "nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça".
O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicaraguense.