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Internacional Cartonera movimenta literatura artesanal em Pernambuco

TV Jornal
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Publicado em 16/09/2018 às 22:35

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A primeira edição do Internacional Cartonera aporta em Pernambuco, ao longo do mês de setembro, para falar sobre modo de produção/publicação artesanal e sobre os pilares que fundamentam o movimento. A iniciativa conta com uma programação gratuita recheada de oficinas, palestras, conversas, feira e atividades culturais em 17 polos. O evento acontece nas cidades de Garanhuns, Goiana, Lagoa dos Gatos, Olinda, Recife, além de São Paulo, realizado pela Produtora Nós Pós, por meio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – FUNCULTURA.

Para ampliar o diálogo sobre o movimento cartonero, a Produtora Nós Pós realiza o evento, que se apresenta também como espaço para promover o intercâmbio das ideias e do trabalho de quem integra esse movimento global, além de agregar valores estéticos, éticos, políticos, econômicos e, principalmente, conceituais. “Temos a intenção de valorizar os agentes literários do movimento já existentes no estado e potencializar o surgimento de outros – escritores, editores, diagramadores, ilustradores e todos aqueles que se envolvem no processo editorial de um livro, desde sua concepção até o consumidor final, que é o leitor”, pontua Alexandre Melo, curador do festival.

Ao todo, serão 16 oficinas que acontecem nas cidades do Recife, Goiana, Garanhuns, Lagoa dos Gatos, Olinda e São Paulo. Duas delas com objetivo de criar selos editoriais cartoneros. Um na comunidade Quilombola do Pau Ferrado, no Agreste do Estado – primeiro selo editorial quilombola infantil do mundo -, e outro na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que será o primeiro selo editorial universitário em Pernambuco.

Outra ação que está prevista na programação do Festival é a publicação da Antologia Nós Cartonera, a ser editorada a partir do dia 19 e lançada no dia 23 de setembro (último dia do Festival), com acesso do público ao processo de editoração dos livros, durante a realização do evento, no Ateliê Nós Cartonera, que vai estar montado no Espaço Pasárgada, na Boa Vista, entre os dias 18 e 21/09 das 8h às 18h, quando qualquer pessoa poderá acompanhar a manufatura dos exemplares da antologia. Outro destaque é a realizada da Feira Internacional Cartonera, nos dias 22 e 23/09, no Paço Alfândega (Recife Antigo), com 15 editoras, sendo três internacionais (Argentina, Chile e França), duas nacionais (SP), quatro do interior do Estado e seis da RMR.

O Internacional Cartonera conta ainda com seus espaços de debate. E traz convidados especiais para os diálogos como Washington Cucurto, o criador do Movimento, Olga Sotomayor, que representa o Movimento no Chile, Alicia Cuerva, que realiza formações cartoneiras em diversos continentes, entre outros grandes nomes do cartonerismo nacional e estadual. Além disso, todas as atividades de fruição contam com acessibilidade comunicacional e arquitetônica. Para acompanhar toda a programação confira o site: www.nospos.com.br.

Sobre o Movimento Cartonero

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O Movimento Cartonero surgiu na Argentina em 2003, período em que o país passava por uma séria crise econômica que deixou milhares de desempregados. Foi quando o escritor Washington Cucurto - presente na programação do festival - e seu parceiro tiveram a ideia de fazer livros a partir do papelão recolhido nas ruas pelos desempregados e criaram a Eloísa Cartonera. E o que seria só mais uma espécie de fonte de renda alternativa virou um fenômeno no país, com centenas de livros comercializados. A estimativa é que existam, hoje, mais de 200 editoras cartoneras em atividade em todo o mundo e a fatia referente ao Brasil cresce a cada dia. E Pernambuco é o estado com maior número de cartoneras no país.

Este é um movimento editorial poético, filosófico, estético, político, cultural e cidadão, com séria preocupação social e ecológica, e que busca publicar livros de qualidade literária a baixo custo, envolvendo setores fragilizados da sociedade no processo de produção, que é baseado em princípios da economia solidária, sustentabilidade e comércio justo. Sua relevância vai além da cultura, atingindo a sociedade em todos os seus aspectos.

Paralelamente às novas formas de expressão, desde às redes sociais ao grafite, o movimento cartonero se apresenta como um formato diferente para um produto tradicional. Nele todos os envolvidos (catadores de papelão, editores, autores, artistas visuais e ilustradores, revisores capistas e encadernadores etc.) participam do processo de criação do livro, e onde todos têm sua parcela no lucro obtido (mesmo que pequeno), num grande mercado solidário. Além da melhoria da renda, em sua maioria os autores publicados são das próprias comunidades de catadores, dos bairros onde atuam. Cada cidadão passa a ser um autor em potencial contando suas histórias e vivências. Assim, o movimento também revela a existência de um autor e de um leitor que até então eram desprezados.

Esta literatura também é vista como uma forma de intervenção política colaborativa – as cartoneras fazem diversos trabalhos e ações em conjunto - e contrária ao excludente. O lucro não é o guia da produção, mas a disseminação do livro por um preço justo e a viabilização editorial para novos autores. Além disso, faz parte de sua essência o diálogo com outras artes e com o contexto local, o que abre um leque de possibilidades e experimentos diversos com muitos outros materiais, surgindo daí uma enorme diversidade.

Serviço:

Festival INTERNACIONAL CARTONERA.

Quando: De 1 a 23 de Setembro de 2018.

Com atividades previstas em 17 espaços ativos.

Onde: Recife, Olinda, Goiana, Lagoa dos Gatos, Garanhuns e São Paulo.

Programação gratuita