VENEZUELA

Parlamento da Venezuela é interditado e cercado por militares

Suposta ameaça de bomba reportada pela Guarda Nacional Bolivariana motivou interdição

Carol Fonseca
Carol Fonseca
Publicado em 15/05/2019 às 9:38
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
FOTO: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Um suposta ameaça de bomba na Assembleia Nacional da Venezuela fez as forças de segurança bloquearem a entrada e o Parlamento adiar a sessão ordinária desta terça-feira (14). O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, acusou o governo de tentar fechar o Legislativo e convocou uma nova sessão para esta quarta.

Na sessão que estava marcada para ser realizada nesta terça, o Parlamento da Venezuela discutiria o indiciamento de deputados opositores por um levante militar fracassado contra o presidente Nicolás Maduro. "Estão tentando fechar o Parlamento, a única instância reconhecida pelo mundo", disse Guaidó à imprensa. Os colegas do líder opositor acusavam o governo chavista de usar a denúncia de bomba como uma desculpa para impedi-los de entrar no prédio. Mais quatro deputados foram indiciados nesta terça e um se abrigou na embaixada do México.

A Guarda Nacional Bolivariana (GNB), a Polícia Bolivariana (PNB) e o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) fecharam os acessos ao Palácio Legislativo desde as primeiras horas da manhã, mas não foram divulgados mais detalhes sobre a ameaça de bomba. O contingente de militares da GNB fechou os acessos ao Palácio Legislativo e, posteriormente, aumentou o perímetro de isolamento.

Quando a legislatura começou, no dia 5 de janeiro, a Guarda Nacional também reportou a ameaça de explosivos no edifício. "É algo recorrente. Não é a primeira vez que isso acontece", disse deputada Manuela Bolívar, observando que se trata de "uma política para enfraquecer a Assembleia". Manuela denunciou o incidente como "uma intimidação" em meio à disputa entre Guaidó, presidente do Legislativo, e Maduro.

Em 7 de janeiro, a Assembleia Constituinte, de maioria chavista, criada para substituir a Assembleia Nacional, retirou a imunidade de dez parlamentares, depois que a Suprema Corte os acusou de apoiar a revolta de um grupo de militares contra Maduro.

Guaidó e Leopoldo López lideraram a rebelião. López, inclusive, foi libertado da prisão domiciliar pelos rebeldes e, mais tarde, se refugiou na casa do embaixador da Espanho. Em uma operação que contou com um caminhão de reboque para guinchar seu carro, Edgar Zambrano, vice-presidente do Parlamento, foi preso e levado para o Forte Tiuna. Um deputado fugiu para a Colômbia e outros três deputados se refugiaram nas residências dos embaixadores da Itália e da Argentina.

Na Embaixada do México

O deputado Franco Casella Lovaton foi recebido pela Embaixada do México, em Caracas, nesta terça-feira (15). Ele foi um dos quatro deputados opositores acusados nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) pela rebelião fracassada, totalizando 14 legisladores indiciados por "traição". O STJ determinou que os fatos investigados "comprometem a responsabilidade" de Casella e dos parlamentares Carlos Paparoni, Miguel Pizarro, Winston Flores.