Superação

Pernambucana cria sistema de mapeamento de denúncias contra assédio sexual

A empresária integra a edição de 2019 da lista 'Under 30', e foi reconhecida internacionalmente pela Forbes

Divulgação/Nina
FOTO: Divulgação/Nina

A empresária pernambucana Simony César, de 27 anos, foi uma das selecionadas para integrar a edição de 2019 da lista 'Under 30', de 90 jovens empreendedores promissores de até 30 anos de idade da revista de negócios Forbes Brasil como destaque de tecnologia e inovação. Ela é uma das criadoras do Nina, sistema que tem como objetivo registrar e mapear denúncias de assédio que ocorrem no transporte coletivo.

Em publicação de agradecimento nas redes sociais, Simony conta que nasceu no bairro de Dois Unidos, na Zona Norte do Recife, e é filha de uma ex-cobradora de ônibus que engravidou aos 18 anos. Após sua mãe 'tentar a vida' em São Paulo, foi criada pela avó, que não teve sem estudo nem emprego. "Vovó Alda que me educou, cuidou de mim e me ensinou a ler e escrever em casa", contou a CEO.

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Sobre a educação que recebeu, Simony é enfática: "meu privilégio". "Sempre tive quem, que com quase nada, me ensinasse muito. Tive que entender desde muito cedo que mobilidade social, melhoria de vida ou 'furar a bolha' só seria possível se eu estudasse", disse. A empresária relata que precisou começar a trabalhar aos 12 anos, e relaciona seu sucesso a programas sociais do governo.

Aos 18 anos, Simony se tornou a primeira pessoa da família do seu pai a entrar em uma universidade pública, e as conquistas não pararam de chegar desde então. Ela também foi a primeira a ter uma publicação científica, a primeira a empreender "sem um real no bolso", a primeira a viajar por todo o Brasil e para fora do país, por ter um trabalho reconhecido.

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possível improvável ~ eu nasci e me criei em um dos bairros com menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do Recife, o bairro de Dois Unidos. sou filha de uma ex-cobradora de ônibus que engravidou aos 18 anos e só não segurou a onda sozinha, porque minha avó, mãe já de 4 filhos, decidiu me criar. sem estudo e emprego, quando eu tinha 02 anos, minha mãe foi tentar a vida em São Paulo e me deixou sob cuidados de vovó Alda que me educou, cuidou de mim e me ensinou a ler e escrever em casa. meu privilégio: educação. sempre tive quem que com quase nada me ensinou muito. e eu tive que entender desde muito cedo que mobilidade social, melhoria de vida, ou furar a bolha só seria possível se eu estudasse. sabe todos esses programas sociais que vocês, classe média, já xingaram? eu sobrevivi por conta deles. trabalho desde os 12 anos e não acho isso louvável, mas também não sinto que minha infância foi roubada, criança se ilude fácil. mas parece que iniciar trabalho aos 12 será regra pra quem quiser se aposentar integralmente. meu pai, só se tornou meu "pai", juridicamente falando ao ocupar o espaço por toda vida em branco no registro e fisicamente, quando eu tinha 11 anos. 7 anos mais tarde, eu passei a ser a primeira pessoa da família dele a entrar numa universidade pública. a 1a a ter publicação científica, a 1a a empreender sem 1 real no bolso, a 1a a viajar por todo o brasil e pra fora do país por ter trabalho reconhecido. a primeira de gerações, percebem o quanto isso é injusto?! vocês querem falar sobre meritocracia? se mudem para uma comunidade, numa família com três filhos e aprendam a viver com 1 salário mínimo, quem fizer o primeiro milhão, eu cedo meu espaço na Forbes. #ForbesUnder30

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Nina

O uso da Nina é fácil. Depois de baixado o aplicativo de transporte no qual ela estará integrada, a pessoa faz um cadastro e realiza a denúncia de assédio. Com a identificação dessa denúncia, a vítima deve procurar uma das unidades de apoio à violência contra a mulher que devem integrar a política de combate ao assédio sexual criada pelas cidades.

As informações das denúncias feitas através da tecnologia Nina são reportadas para um painel de controle que pode ser acessado pelos órgãos de segurança pública, prefeituras e por empresários do transporte. A tecnologia tem potencial para unificar vários modais (ônibus, metrô, transporte por aplicativos, bicicletas) e migrar para políticas públicas.

Em Fortaleza, a Nina é conectada às câmeras de segurança dos ônibus e coleta imagens no intervalo de horário relatado pela denunciante. Com isso, de maneira imediata, são produzidas provas contra o criminoso. Mas depois é fundamental que o caso seja encaminhado à polícia. Em Fortaleza, por exemplo, entre as ocorrências de assédio comunicadas através da Nina de março a junho, 77 foram concluídas com todos os dados necessários para virar inquérito policial. Cerca de metade dessas pessoas eram vítimas. A outra metade, testemunhas.