doença rara

Após primeira morte de criança por síndrome rara associada à covid-19, infectologista explica cuidados e tratamento

O Governo de Pernambuco confirmou a morte de uma criança de 11 anos por síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 26/08/2020 às 16:10
Reprodução/TV Jornal e Pixabay (ilustração)
FOTO: Reprodução/TV Jornal e Pixabay (ilustração)

Após o secretário estadual de saúde, André Longo, confirmar a primeira morte de criança com síndrome associada ao novo coronavírus e ter mais oito casos notificados, o Por Dentro com Cardinot entrevistou, nesta quarta-feira (26), a infectologista pediátrica do Hospital Oswaldo Cruz, Regina Celi, para trazer informações sobre a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica que está intrigando pais e especialistas. Confira a entrevista abaixo.

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Sintomas

De acordo com a repórter Cinthya Leite, do Jornal do Commercio, entre os sintomas da síndrome estão: febre persistente acompanhada de um conjunto de manifestações, como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório.

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O que se sabe até agora sobre os sintomas dessa síndrome?

É uma doença nova que a gente está conhecendo agora com a pandemia do novo coronavírus. Eu digo isso relacionado à covid-19. A gente já tinha isso (conhecimento), com outras outras características, mas não associada em larga escala como temos visto com a covid-19.

Qual seria o tratamento?

A criança tem que ser hospitalizada e o diagnóstico precoce é essencial. Mediante a presença de toda essa variação de sintomas, a criança fica internado e a depender do tempo ela fica na enfermaria ou vai para a UTI. Com isso, existe a necessidade de mediação para diminuir o que a gente chama de ‘tempestade inflamatória’. Uma das características da síndrome são alterações inflamações que a gente chama de ‘marcadores’ (exames laboratoriais) para poder colocar no sangue do bebê acometido pela síndrome

Quais os cuidados que se deve tomar com as crianças diante do surgimento dessa síndrome?

A gente precisa saber que não é a presença da infecção pelo novo coronavírus que a gente tem a síndrome. Essa complicação se apresenta depois da infecção da covid-19 na criança. Tem que lembrar que a gente muitas vezes não sabe quando a criança apresentou os primeiros sintomas da covid-19. A criança pode ter mais características de não apresentar sintomas ou tem poucos sintomas. Sempre ficar atento quando tiver febre prolongada, dor abdominal, manchas no corpo para fazer o diagnóstico precoce.

Sobre a volta às aulas, o surgimento dessa doença poderia influenciar?

Essa volta às aulas tem que ser bem cautelosa. Tem que pensar direito nessa possibilidade. Lembrando que as crianças não ficam permanentemente com as máscaras, sempre retiram e a aglomeração em crianças é sempre maior. Então, a gente tem que pensar com cautela esse retorno das aulas presenciais.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).