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Bolsonaro cogitou mudar bula da cloroquina e afirmou para ''contaminar todo mundo logo'', segundo Mandetta

As declarações do ex-ministro da Saúde foram dadas em depoimento da CPI da Covid nesta terça-feira (04)

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 04/05/2021 às 19:37
(Arquivo/ Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
FOTO: (Arquivo/ Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Em depoimento durante interrogatório da CPI da Covid, Luiz Henrique Mandetta afirmou, nesta terça-feira (04), que o presidente Jair Bolsonaro cogitou publicar um decreto que alterasse a bula do medicamento Cloroquina. De acordo com o ex-ministro da Saúde, o objetivo seria recomendar o uso do remédio para tratamento da covid-19, e o tema teria sido debatido em uma reunião quando Mandetta ainda estava à frente do ministério.

"Havia sobre a mesa um papel não timbrado, de um decreto presidencial, para que fosse sugerido naquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa. Colocando na bula a indicação da Cloroquina para coronavírus", afirmou Mandetta, que revelou ter sido chamado para uma reunião no Palácio do Planalto, ao chegar na sala presidencial e ter visto a proposta que alteraria a bula do medicamento da cloroquina.

''Contaminar logo todo mundo''

Ainda segundo Luiz Henrique Mandetta, Jair Bolsonaro (sem partido) teria defendido a contaminação em massa da população pela covid-19. A declaração foi dada ao responder o questionamento feito pelo senador pernambucano Humberto Costa (PT). O ex-ministro confirmou que a frase foi dita a seguinte frase em um evento no município de Águas Lindas de Goiás, em abril de 2020, ao governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM): "vamos contaminar todo mundo logo de uma vez".

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Mandetta justificou que a frase teria sido dita em tom de brincadeira pelo presidente da República, além de ter sido ''uma coisa pontual'' e que o governador de Goiás teria retirado do bolso um tubo de álcool em gel, passou nas próprias mãos e deu também a Bolsonaro.