Defesa

Lázaro Barbosa está tendo ajuda para se entregar? 'Especularam se eu tinha condições de garantir a integridade física dele', diz advogado

Lázaro Barbosa, o "serial killer de Brasília", escapa há 15 dias de um cerco formado por 270 policiais. 

Karina Albuquerque
Karina Albuquerque
Publicado em 23/06/2021 às 12:20 | Atualizado em 08/06/2022 às 21:22
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Nesta quarta-feira (23), completam-se duas semanas de buscas pelo "serial killer de Brasília". Lázaro Barbosa é suspeito de cometer chacina, no último dia 9, em uma chácara de Ceilândia, no Distrito Federal, e escapa há 15 dias de um cerco formado por 270 policiais.

Diante de uma operação em que o cerco se fecha, mas sem resultados expressivos, um advogado criminalista afirmou que foi abordado por um grupo religioso, que estaria auxiliando Lázaro Barbosa, sobre entrega ou rendição do procurado.

De acordo com o defensor, que não foi identificado, "me especularam se eu tinha condições de garantir a integridade física dele".

O advogado não aceitou o caso e afirmou que ele estaria escondido em outro município. A força-tarefa afirma que "não chegou nenhuma informação nesse sentido" e que, caso algum advogado tenha interesse e represente Lázaro, é preciso procurar as equipes.

Defensoria

Sem defensor representado, a Defensoria Pública chegou a pedir que, caso Lázaro seja preso, que ele permaneça em cela separada dos outros detidos, de modo a garantir a integridade física do criminoso.

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O pedido também incluía a blindagem em relação à imprensa, evitando a exploração midiática do caso, após a prisão. No entanto, o pedido foi negado pela Justiça e considerado "inoportuno", pois depende do desfecho da operação. A Defensoria recorreu e pediu nova proteção a Lázaro.

Munições, drogas e ajuda

Com a fuga e a dificuldade para localizar o suspeito, a polícia trabalha com a hipótese, entre tantas levantadas, de que o procurado estaria escondendo munições e drogas em uma casa no Distrito Federal, levantando a ideia de que Lázaro estaria sendo auxiliado.

O fugitivo trocou tiros com a polícia em, pelo menos, três oportunidades.

Medo

Os moradores de Girassol, Águas Lindas e municípios do entorno, em Goiás, estão temerosos com os desdobramentos das buscas ao suspeito Lázaro Barbosa, conhecido como "serial killer de Brasília". Lázaro invadiu casas e fazendas, nas últimas duas semanas, após assassinar uma família em Ceilândia (DF).

Com o desencontro de informações, muitas delas falsas, e denúncias e pistas retidas pela força policial envolvida na operação, a população convive com o medo. Ou, em último caso, deixa as residências.

A descoberta de um carro abandonado e incendiado, fora do campo de buscas da polícia, aumentou o temor.

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Tiroteio

A polícia agora segue uma nova pista, que apareceu na noite dessa terça-feira (22). O caseiro de uma propriedade rural afirmou ter trocado tiros com o bandido, em Cocalzinho de Goiás, onde as buscas são feitas.

Por volta das 22h, os policiais entraram na mata para tentar localizar o homem. Sem sucesso, as equipes retornaram à base, por volta das 00h. As buscas devem continuar, pela área, ao longo do dia. 

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Apoio

Além disso, o Exército forneceu 40 rádios comunicadores para que as equipes possam utilizar durante as incursões na área. A polícia tem recebido doações e apoios materiais e morais de vários setores da sociedade, como entes públicos e privados, desde o início da operação.

"Os policiais nunca estiveram desamparados", explica a nota.

A força-tarefa também tem contado com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que segue em apoio, nas ações das forças de segurança pública. 

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Disque denúncia

O Governo de Goiás ressalta ainda que, em 24 horas de funcionamento, o disque denúncia aberto para captar informações sobre o paradeiro de Lázaro Barbosa, recebeu mais de 1.000 denúncias.

No entanto, boa parte destas ligações são provenientes de trotes ou informações que não contribuem para a operação.

Ainda assim, a Secretaria solicita quaisquer informações que possam contribuir para a captura do suspeito e, para isso, foi disponibilizado o número 061 99839-5284

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Infiltrado

Uma pessoa que fingiu ser policial se infiltrou entre as equipes e entrou em local restrito aos agentes que participam da ação, em Cocalzinho, Goiás (GO).

O homem, que chegou a dar informações e afirmou ser de outra equipe, foi detido na madrugada desse domingo (20).

Polícia aposta no cansaço

A Polícia aposta no desgaste emocional e no cansaço físico para tentar capturar o Lázaro Barbosa.

"Ele está a cada dia mais cansado, mais acusado. Não deixa, de maneira nenhuma, de ser perigosíssimo, mas está nas últimas forças. Tenho quase certeza que cheguei a vê-lo, a 1 km de distância, do outro lado de um vale. A aparência dele não era de pessoa ferida", chegou a comentar com a imprensa o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Rodney Miranda.

Essas aparições do fugitivo, que teve seu perfil traçado como sendo de um psicopata, sugerem, portanto, maior aproximação da operação policial com a localidade exata do fugitivo.

Com o cerco policial se fechando, a tendência é que Lázaro sofra mais estresse, aponta Cássio Thyone, perito criminal aposentado da Polícia Civil do Distrito Federal e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Ele precisa dormir, se alimentar, vencer o próprio estresse psicológico. Tempo é o fator que favorece quem está tentando encontrar a pessoa e não quem está tentando fugir", complementa. 

Governador de Goiás

Apesar disso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), declarou, no mesmo dia, que as buscas podem durar até um mês.

"Eu pedi o máximo de cautela. Temos tempo. Não precisa atropelar [...] Ele está cercado, dentro da circunscrição e não vai escapar de ser capturado. Pode ter 10, 20, 30 dias", disse o governador.

Para o governador, "qualquer coisa que aconteça, vindo do sujeito, é muito explicável. Ele é assassino. Tudo depende de como é que ele vai se comportar, se vai reagir, ter processo de ansiedade, enfrentar ou continuar. Ele tem a característica do habitat. Ele sabe onde está pisando". 

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Fake news

A Secretaria de Segurança de Goiás também aponta dificuldades de apuração do caso, pelo excesso de fake news. Os agentes têm recebido falsas informações sobre o suspeito, o que, segundo Miranda, tira tempo das investigações.

"É um problema sim. Não só essa fake news [de que Lázaro estaria em um cemitério], como outra de que ele já havia sido baleado, que já estava morto. Tudo isso atrapalha, porque não só a nossa Inteligência, como as unidades de operação, tem que checar. Às vezes a gente deixa de atender mais rapidamente uma informação procedente, para atender uma que não tem relevância", disse, na última 5ª feira. 

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Os crimes

Lázaro é acusado de matar, a tiros e facadas, três pessoas na zona rural de Ceilândia no último dia 9 de junho. Os mortos eram Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, e os filhos Gustavo Marques Vidas, de 21 anos, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15 anos.

O foragido também é apontado como responsável pelo sequestro da mulher de Cláudio, Cleonice Marques de Andrade. O corpo dela foi encontrado no dia 12 à beira de um córrego, próximo da casa onde a família morava. Na terça-feira (15), ele fez uma família refém em uma chácara e atirou em um policial, que foi atingido de raspão.

Lázaro também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato da família. 

Quem é Lázaro Barbosa?

O homem mais procurado do Distrito Federal, atualmente, é o baiano Lázaro Barbosa Sousa, de 32 anos, nasceu no município de Barra do Mendes, na Bahia, a 500 km de Salvador. O suspeito é casado e tem dois filhos. Criado na mata, no passado, ele já ficou foragido da polícia da Bahia por 15 dias.

Em Barra do Mendes, ele cometeu ao menos dois assassinatos, depois mudou de estado para dar sequência a sua empreitada criminosa. 

Lázaro Barbosa é serial killer?

Oficialmente, a polícia do Distrito Federal não trata Lázaro Barbosa de Sousa como um "serial killer". Ele é suspeito de assassinar quatro pessoas de uma mesma família, na semana passada, e está fugindo dos policiais, desde então.

Na fuga, ele já trocou tiros e fez reféns. O termo "serial killer" para tratar este caso foi adotado por usuários das redes sociais, tecnicamente, de forma errada. 

Confira a cobertura sobre o caso