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Pode beijar? Vírus da covid-19 infecta e se replica em células da saliva, diz pesquisa

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP descobriram que o sars-cov-2 (covid-19) pode ser encontrado nas glândulas salivares

TV Jornal
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Publicado em 30/06/2021 às 17:57 | Atualizado em 27/04/2022 às 18:42
Reprodução/pixabey
FOTO: Reprodução/pixabey

Com informações do Jornal da USP.

Através de análises de amostras em pacientes que morreram em decorrência de complicações do novo coronavírus, os pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) constataram que o sars-cov-2, causador da covid-19, infecta e se replica em células das glândulas salivares.

A descoberta, divulgada nesta quarta-feira (30), contribui para explicar o motivo do vírus ser encontrado em grandes quantidades na saliva.

Os resultados do estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram publicados no Journal of Pathology.

“É o primeiro relato de vírus respiratório capaz de infectar e se replicar nas glândulas salivares. Até então, acreditava-se que apenas vírus causadores de doenças com prevalência muito alta, como o da herpes, usavam as glândulas salivares como reservatório. Isso pode ajudar a explicar por que o sars-cov-2 é tão infeccioso”, disse à Agência Fapesp Bruno Fernandes Matuck, doutorando na Faculdade de Odontologia (FO) da USP e primeiro autor do estudo.

Vale lembrar que, um dos fatores para o uso da máscara, é diminuir o contato com a saliva de outra pessoa. Mas, em relação ao beijo, será que as pessoas vão deixar essa hábito de lado? Entenda abaixo:

Teste da saliva

Por causa da alto grau de infecção da sars-cov-2, no tecido periodontal de pacientes que morreram em decorrência da covid-19 e em comparação com outros vírus respiratórios, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a covid-19 poderia infectar e se replicar em células das glândulas salivares e, com isso, surgir na saliva sem ter contato com secreções nasais e pulmonares.

De acordo com a USP, as amostras dos tecidos foram submetidas a análises moleculares (RT-PCR). Os resultados indicaram a presença da covid-19 nos tecidos em mais de dois terços das amostras.

Foram feitas biópsias guiadas por ultrassom em 24 pacientes para extração de amostras de tecidos das glândulas parótida, submandibular e menores. Todos as pessoas, com idade média de 53 anos, morreram devido ao novo coronavírus.

“Observamos vários vírus aglomerados nas células das glândulas salivares – um indicativo de que estão se replicando em seu interior. Não estavam presentes nessas células passivamente”, afirma Matuck.

Matéria em atualização.