
A morte de Roberta Silva, de 33 anos, mulher trans que foi queimada viva no Recife, repercute entre políticos e internautas.
Após duas semanas lutando pela vida no Hospital da Restauração, Roberta teve a morte confirmada por volta das 9h desta sexta-feira (9).
A morte foi causada por insuficiências renal e respiratória, segundo a assessoria do hospital. Ela teve 40% do corpo queimado e os dois braços amputados.
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), lamentou a morte de Roberta e prometeu criar uma casa de acolhimento para a comunidade LGBTQIA+ na cidade.
"Lamento profundamente a morte da mulher trans Roberta da Silva. É intolerável qualquer vida perdida para o ódio e para o preconceito", escreveu o prefeito no Twitter.
"Vamos avançar com novas ações para ampliar o atendimento a esta população, como a Casa de Acolhida LGBTI+, que irá receber o nome de Roberta", finalizou.
A deputada fedural Marília Arraes (PT) também se pronunciou. "Roberta Silva, mulher trans, pernambucana, que vivia em situação de rua e teve seu corpo queimado, morreu depois de lutar muito pela vida", disse Marília também na rede social.
"Roberta é a 3ª vítima fatal da transfobia aqui em PE só neste mês. Não podemos aceitar! Não podemos calar mais esse crime bárbaro!", tuitou.
Também no Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) escreveu:
"Ela é mais vítima do ódio e da intolerância. Em menos de um mês, já são quatro os casos de violência em Pernambuco. É preciso ocupar os espaços, denunciar o preconceito e dar um basta a tanta violência. Nossa solidariedade à família da Roberta, aos amigos".
Vereadora do Recife pelo Psol, Dani Portela escreveu:
"Infelizmente acabamos de saber que Roberta não resistiu e morreu, após uma luta de 15 dias no hospital. Que sociedade é essa que faz adolescentes matarem mulheres trans queimadas vivas?".
"Não podemos nos calar diante isso, temos que ir até o fim! Queremos a comunidade trans VIVA!", completou.
Pedido por políticas públicas para a comunidade trans
O também vereador Ivan Moraes (Psol) disse: "Mais do que triste a notícia da morte de Roberta, mulher trans vítima de assassinato por queimadura".
"Já passou da hora de termos políticas q protejam essas pessoas. Mais que conversa e lamentos, precisamos de ações urgentes. A casa abrigo é apenas uma delas".
No Instagram, a vereadora do Recife Liana Cirne (PT) compartilhou a foto que estampava esta reportagem e escreveu um longo texto.
"Tivemos a triste notícia do falecimento de Roberta da Silva, 32 anos, mulher trans que teve o corpo incendiado na noite de 24 de junho, no cais de Santa Rita, no Recife.
Toda nossa solidariedade à família de Roberta, que deixa mãe e irmã. Esse é o quarto caso de transfeminicídio em Pernambuco no último mês:
Kalyndra Nogueira da Hora, 26 anos, morta por asfixia no dia 18 de junho, no bairro de IPSEP;
Crismilly Pérola, 37 anos, cabelereira, assassinada por um tiro, no dia 05 de julho, na várzea, Recife;
Fabiana da Silva Lucas, 30 anos, morta a golpes de faca, dia 07 de julho, em Santa Cruz do Capibaribe.
Não é possivel tolerar tanto ódio! Nosso mandato durante o primeiro semestre esteve ao lado da luta LGBTQIA+ e continuaremos junto aos movimentos sociais no combate a todas as formas de discriminação, principalmente a transfobia", disse Liana.
Primeira codeputada estadual travesti de Pernambuco, Robeyoncé Lima (Junstas/Psol) escreveu: "Infelizmente, mais uma vítima de transfeminicídio em Pernambuco. Todas essas mortes devem ser honradas com a criação de uma política pública que nos proteja da transfobia!".
Ex-candidata à vice-presidente do país, Manuela D'Ávila (PCdoB) tuitou:
"Roberta, a transsexual que foi queimada viva em Recife, não resistiu e faleceu ontem. Mais um caso de transfobia em um dos países que mais mata a população trans. É urgente que se adotem medidas para acabar com o preconceito e os crimes de ódio".
A pedagoga Ana Flor, que é travesti, fez uma série de publicações no Twitter.
"A morte de Roberta não é um caso isolado, faz parte de um projeto biopolítico que visa controlar e ceifar vidas travestis. É o que tem acontecido em Recife, é o que acontece no Brasil", escreveu.
"Não é prendendo um adolescente que resolvemos esse caso. É investindo em políticas públicas efetivas e de qualidade. Fortalecendo equipamentos públicos LGBTs, dialogando com ONGs parceiras, pensando segurança pública, de assistência e moradia como política de governo", acrescentou.
"Protejam as travestis", pediu.