Saúde

Com quanto tempo posso tomar a segunda dose da vacina da Pfizer contra a covid-19? Intervalo vai mudar?

Já na 1º dose, as vacinas, como a da Pfizer, reduzem as probabilidades de infecção pelo coronavírus (covid-19). No entanto, a proteção completa só vem com a segunda dose

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 17/08/2021 às 9:44 | Atualizado em 04/03/2022 às 20:15
Foto: Hélia Scheppa/SEI
FOTO: Foto: Hélia Scheppa/SEI

O primeiro lote de vacinas da Pfizer chegou ao Brasil em abril de 2021. A probabilidade de ser infectado pelo novo coronavírus diminui drasticamente após a inoculação da primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech.

A informação é de um estudo britânico que concluiu, também, que a primeira aplicação dessas vacinas protege tanto pessoas mais velhas e mais vulneráveis quanto os mais jovens e saudáveis.

O trabalho conjunto do Office for National Statistics (ONS) e da Universidade de Oxford descobriu que há forte resposta imunitária em todas as faixas etárias depois da primeira dose de uma dessas vacinas.

Segundo o estudo, divulgado em pré-publicação em abril, as inoculações com a vacina da Pfizer foram tão eficazes em indivíduos com mais de 75 anos e/ou em pessoas com problemas de saúde latentes, quanto em pessoas mais novas e/ou mais saudáveis.

No entanto, a proteção só fica completa com a segunda dose das vacinas.

Os pesquisadores indicam que, ao reduzir as taxas de infeção e aumentar a proteção do organismo contra o vírus, as vacinas não vão apenas prevenir as internações hospitalares e as mortes por covid-19, mas também permitir a quebra das cadeias de transmissão e, assim, reduzir o risco de um potencial ressurgimento da doença.

 

>> Pode consumir bebida alcoólica após tomar vacina da Pfizer contra a covid-19?

 

Intervalo entre a 1º e 2º dose

Atualmente, o intervalo entre a 1º e a 2º dose da vacina Pfizer/BioNTech é de 90 dias, ou seja, 3 meses. Mas a mudança desse período está em estudo e deve acontecer, a partir de setembro, segundo o Governo Federal.

 

>> Terceira dose da Pfizer? Anvisa pede explicação à farmacêutica; entenda

 

Probabilidade de novas infecções

Ao serem analisados os resultados dos testes de covid-19 da população em estudo, entre dezembro de 2020 e abril de 2021, concluiu-se que 21 dias após a primeira aplicação - o tempo que o sistema imunitário demora para criar uma resposta - as novas infecções pelo novo coronavírus diminuíram cerca de 65%.

Isso significa que as pessoas que foram vacinadas com uma única dose das vacinas Pfizer/BioNTech tiveram 65% menos probabilidade de contrair nova infecção.

Contudo, as primeiras vacinas foram mais eficazes contra infecções sintomáticas do que assintomáticas, em comparação com a taxa de infeção na população não vacinada.

Ao fim de três semanas após a aplicação da primeira dose, os casos de doença com sintomas diminuíram 74% e dos assintomáticos, 57%.

A investigação foi mais além: uma segunda dose da Pfizer pode proteger até 90% contra a infecção pelo vírus. A aplicação das duas doses, ou seja a imunização completa com a vacina da Pfizer aumentou mais a proteção, reduzindo as infecções sintomáticas em 90% e as assintomáticas em 70%.

 

Reação

As reações às vacinas, apesar de serem relativamente comuns a depender do fabricante, podem variar de pessoa a pessoa.

De casos assintomáticos até estados em que há um comprometimento mais importante (dor local intensa, febre, dor de cabeça, dor no corpo, entre outros), não há como prever o que acontecerá com cada pessoa.

Além disso, as reações costumam ser menos intensas na segunda aplicação e a maioria costuma ser assintomática.

Caso você tenha apresentado um sintoma muito intenso ou de risco à vida (hipersensibilidade e trombose, por exemplo), comunique a um profissional de saúde e prontamente você será avaliado.

 

Redução do intervalo entre as doses

A partir de setembro, o intervalo de aplicação entre a primeira e a segunda doses da Pfizer poderá cair dos atuais 90 dias para 21 dias, informou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no último sábado (14).

A redução do prazo tem como objetivo frear os casos da variante Delta do novo coronavírus, mais contagiosa que as variantes anteriores.

Segundo Queiroga, o governo apenas espera que toda a população adulta esteja vacinada para iniciar os estudos para diminuir o intervalo para três semanas. Embora as aplicações em 90 dias aumentem a resposta imune, segundo estudos internacionais, o prazo original determinado pelo fabricante da Pfizer é 21 dias.

“À medida que a gente avance na primeira dose, já se rediscutiu colocar a Pfizer no intervalo de 21 dias. [A previsão é] em setembro. Nós já temos 70% da população acima de 18 anos com a primeira dose”, disse o ministro, durante lançamento do projeto-piloto de testagem em massa contra a covid-19, em Brasília.

A possibilidade de antecipação do prazo da vacina da Pfizer tinha sido anunciada pelo Ministério da Saúde no fim de julho. A decisão havia sido tomada pelo governo federal junto com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Na ocasião, a pasta só não tinha informado a data a partir da qual a redução do intervalo começaria porque esperava o avanço das campanhas de vacinação nos estados. Um estudo publicado nesta semana pela revista New England Journal of Medicine mostrou que a eficácia da primeira dose das vacinas Pfizer e AstraZeneca cai de 50% para 35% contra a variante Delta. Com a segunda dose, a eficácia volta aos níveis verificados antes do surgimento da variante.

Aplicada no Brasil desde maio, a vacina da Pfizer teve o intervalo ampliado para 90 dias, por causa da baixa oferta inicial do imunizante. Nos últimos meses, o fornecimento regularizou-se, tornando possível o encolhimento do intervalo para o prazo determinado pelo fabricante.

Após a publicação da matéria, o Ministério da Saúde informou que, em setembro, começarão os estudos, com análise das evidências científicas, para mudar o prazo de aplicação das doses da Pfizer. A redução do intervalo dependerá do resultado dos estudos.

Intervalo maior de doses da vacina Pfizer aumenta níveis de anticorpos

Um intervalo maior entre as duas doses da vacina da Pfizer contra a covid-19 proporciona um nível maior de anticorpos do que um intervalo mais curto, concluiu um estudo britânico, embora haja uma queda brusca nos níveis de anticorpos após a primeira dose.

O estudo pode ajudar a traçar estratégias de vacinação contra a variante Delta, que reduz a eficácia de uma primeira dose da vacina contra a covid-19, ainda que duas doses sejam eficientes na proteção.

"Para o intervalo mais longo de doses, os níveis de anticorpos neutralizantes contra a variante Delta foram induzidos de maneira fraca após uma única dose, e não se mantiveram durante o intervalo até a segunda dose", apontaram os autores do estudo, que está sendo conduzido pela Universidade de Oxford.

"Após duas doses da vacina, os níveis de anticorpos neutralizantes eram duas vezes maiores após o intervalo mais longo de doses se comparado com o intervalo mais curto."

Os anticorpos neutralizantes são considerados importantes no papel de construir imunidade contra o coronavírus, mas não agem sozinhos, já que as células T também desempenham um papel.

O estudo descobriu que os níveis gerais de células T eram 1,6 vez menor com um intervalo longo se comparados com o cronograma mais curto de entre três a quatro semanas, mas que uma proporção mais alta era de células T "ajudantes", que fortalecem a memória imunológica.

Os autores enfatizaram que qualquer um dos intervalos produziu uma resposta forte de anticorpos e de células T no estudo feito com 503 profissionais de saúde.

As descobertas, divulgadas em um estudo pré-print, suportam a visão de que embora uma segunda dose seja necessária para garantir a proteção total contra a variante Delta, o atraso da dose pode providenciar imunidade mais duradoura, mesmo se isso significar uma proteção menor a curto prazo.

Em dezembro do ano passado, o Reino Unido estendeu o intervalo entre as doses de vacinas para 12 semanas, embora a Pfizer tenha alertado que não havia evidências que apoiassem a alteração do intervalo original proposto de três semanas.

O Reino Unido hoje recomenda um intervalo de 8 semanas entre as duas doses da vacina para que mais pessoas fiquem protegidas da variante Delta mais rapidamente, enquanto ainda maximiza as respostas imunológicas no longo prazo.

"Eu acho que oito semanas é o ponto certo", disse a jornalistas Susanna Dunachie, pesquisadora que coliderou o estudo.

3º dose

A disseminação da variante Delta da covid-19 provocou um questionamento sobre a eficácia de algumas vacinas e sobre a possibilidade de uma terceira dose ou de uma dose de reforço dos imunizantes. Esse foi o tema do debate da Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, nessa segunda-feira (16).

A secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, do Ministério da Saúde, Rosana Leite Melo, ressaltou a marca de duzentos milhões de doses já distribuídas no país e afirmou que é possível que haja a necessidade de uma dose de reforço da vacina, ou de uma terceira dose.

Segundo ela, o Ministério da Saúde tem estudos em andamento para saber que decisão tomar e sobre qual imunizante seria o mais adequado.

Segundo a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, vários países estão conduzindo estudos sobre uma terceira dose da vacina contra o coronavírus, e alguns até já estão aplicando a dose extra de imunizantes na população.

Meiruze informou que a Anvisa está atenta às discussões fora do Brasil sobre a necessidade de mais uma dose.

Meiruze citou a Espanha, que pesquisa a eficácia de aplicar vacinas com tecnologias diferentes em um mesmo paciente, embora o país ainda siga aplicando a segunda dose com o mesmo imunizante.

Segundo Meiruze Freitas, em países como o Reino Unido, a Austrália e a Alemanha, estudos sobre a aplicação de imunizantes diferentes apontam para a necessidade de doses de reforço somente em condições especiais, como pacientes de câncer, por exemplo, que têm a imunidade reduzida.