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O que está acontecendo no Afeganistão hoje: retorno de líder extremista, evacuações e censura. Veja as últimas notícias sobre o domínio do Talibã

O grupo extremista Talibã retomou o poder no Afeganistão após ter controle da cidade de Cabul, capital do país, no dia 15 de agosto

TV Jornal
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Publicado em 18/08/2021 às 6:45 | Atualizado em 11/03/2022 às 16:11
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Atualizada em 19.08.21, às 9h36

Desde o dia 15 de agosto, quando o Talibã invadiu a cidade de Cabul, capital do Afeganistão, e retomou o poder no país, milhares de pessoas tentam desesperadamente deixar a região com medo do ditadura do grupo extremista vista entre os anos de 1996 e 2021, período em que estiveram no comando do governo.

Diante disso, os sites da TV Jornal e Rádio Jornal mostram as notícias sobre a situação do Afeganistão hoje, uma das nações mais conflituosas do mundo.

Reação aos protestos

As forças do Talibã reagiram com violência aos primeiros protestos realizados no Afeganistão após o grupo retomar o poder no país.

Nesta quarta-feira (18), pelo menos três pessoas morreram e dez ficaram feridas ao serem alvejadas na cidade de Jalalabad depois de substituírem a bandeira do Emirado Islâmico pelo pavilhão oficial do Afeganistão.

  

>> Por que o Talibã representa um risco para as mulheres do Afeganistão?

Fuga do país

As autoridades de segurança se esforçam para retirar pessoas do Afeganistão após o Talibã tomar o poder de Cabul, capital do país, no último domingo (15). Segundo a agência de notícias Reuters, mais de 2.200 diplomatas e outros civis já foram retirados em voos militares, até esta quarta-feira (18).

Ainda não está claro quando os voos civis serão retomados. Entre os que partem estão pessoal diplomático, seguranças estrangeiros e afegãos que trabalhavam para embaixadas.

O Talibã tem afirmado querer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres nos moldes da lei islâmica.

No entanto, milhares de afegãos, muitos dos quais ajudaram forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos (EUA) ao longo dos últimos 20 anos estão receosos e tentar deixar o país.

Não há detalhes sobre quantos afegãos estão entre as mais de 2.200 pessoas que partiram, nem ficou claro se essa cifra inclui os mais de 600 homens, mulheres e crianças afegãos que se espremeram em uma aeronave militar de carga norte-americana C-17 no domingo (15).

Sem recursos do FMI

O Afeganistão não terá acesso aos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo uma nova alocação de reservas de Direitos Especiais de Saque.

A informação foi revelada, nesta quarta-feira (18), pela Instituição e a justificativa é a falta de clareza em torno do reconhecimento de seu governo após o Talibã ter assumido o controle de Cabul.

"Como sempre acontece, o FMI é guiado pelas opiniões da comunidade internacional", disse um porta-voz do FMI em um comunicado.

"Atualmente, há uma falta de clareza na comunidade internacional em relação ao reconhecimento de um governo no Afeganistão, em consequência da qual o país não pode acessar DES ou outros recursos do FMI."

Retorno de líder extremista

Cerca de três dias depois do Talibã declarar vitória contra o governo do Afeganistão, o mulá Abdul Ghani Baradar, chefe do gabinete político dos talibãs no Catar, chegou ao país através do aeroporto de Kandahar, de acordo com o porta-voz político do grupo, Naeem Wardak, no Twitter.

Ele estava em Doha, e é cotado para ser o presidente.

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O cofundador do Talibã estava fora do Afeganistão desde que foi expulso do poder pelos Estados Unidos, devido aos ataques do 11 de setembro de 2001, há 20 anos. Atualmente, ele chefia o gabinete político do grupo.

Mudanças para as mulheres

Entre as vários impactos das regras do Talibã, estão a perda de vários direitos sociais das mulheres. Em poucos dias, a mudança já é perceptível. De acordo com a BBC, os principais canais de televisão do Afeganistão continuam as transmissões sem apresentadoras mulheres, além de poucas críticas ao grupo extremista. Já a televisão estatal tem transmitido em sua maioria do tempo programas religiosos.

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As denúncias de restrição às liberdades das mulheres não são exceção, principalmente o fato de ter que usar a burca (traje que cobre completamente o corpo da mulher, com uma treliça estreita à altura dos olhos) e ser acompanhada por um homem.

Nas ruas, vitrines com imagens de mulheres sem véu, maquiadas e com vestidos de festa seguem sendo arrancadas ou cobertas de tinta.

O que pode ser feito e como ajudar as pessoas?

O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, conclamar que todas as partes em conflito no Afeganistão devem exercer a máxima contenção para proteger as vidas das pessoas e garantir os direitos humanos.

Diante disso, Thales Castro comentou sobre qual o caminho para mudar a situação do país.

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''No campo político, tem muito pouco do que pode ser feito. Eu percebo que é uma tragédia anunciada. A gente percebe que dois países importantes no cenário mundial formataram algum tipo de suporte: China e Rússia. Com a retirada das tropas dos Estados Unidos, simbolicamente é uma vitória dos chineses. Com isso, vão poder usar o território do Afeganistão para a reconstrução da infraestrutura do país. Isso traz mudanças geopolíticas no mundo todo'', afirmou o cientista político em entrevista a Rádio Jornal.