A Polícia Federal cumpriu 13 mandados de busca e apreensão, na última sexta-feira (20), em operação que tinha entre os alvos o cantor Sérgio Reis.
Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito das investigações sobre ataques a instituições.
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Repúdio de artistas e desistências
O cantor Sérgio Reis está finalizando o seu próximo álbum e iria contar com a participação de alguns artistas. O lançamento estava previsto para o segundo semestre deste ano.
Diante da repercussão do caso, ao menos quatro cantores já desistiram da parceria.
O cantor Guarabyra, famoso pela dupla com Sá, foi o primeiro ao anunciar o cancelamento da sua participação no disco de Sérgio Reis, anunciando a desistência de gravar Sobradinho.
De Sérgio Reis, sempre tive enorme admiração pelo trabalho, bom gosto, extrema musicalidade. No disco dele que irá sair, inclusive participaria em uma faixa, gravação dele de Sobradinho. Mas me considero incompatível com seu posicionamento atual e infelizmente declino do convite.
— Guarabyra (@Gutbyra) August 16, 2021
Já o cantor e compositor Guilherme Arantes, inicialmente, afirmou que iria dissociar o artista do “terreno extramusical”, mas mudou de posição e desautorizou Sérgio Reis de a incluir a sua participa no disco.
Os dois gravaram a canção Planeta Água, composição de Guilherme Arantes.
A cantora Maria Rita também informou, por meio da assessoria de imprensa, que se retirou do álbum. Ela participaria em regravação de Romaria.
Quem também abandonou o trabalho do sertanejo foi Zé Ramalho. Em comunicado, ele anunciou que proíbe o cantor Sérgio Reis de usar no álbum a gravação de Admirável gado novo (Zé Ramalho, 1979) feita por Reis em dueto com Ramalho em maio de 2019.
“Agora em 2021, a gravação perdeu o sentido e tanto o compositor quanto sua editora não autorizarão a utilização da obra”, informou o artista paraibano em nota oficial.
O que fez Sérgio Reis?
Sérgio Reis, de 82 anos, é um clássico cantor sertanejo, com sucessos como "Menino da Porteira" e "Pinga Ni Mim", que também já fez alguns trabalhos como ator, como na novela Pantanal.
Ele entrou na política em 2014, quando foi eleito deputado federal pelo Republicanos, mesmo partido pelo qual se elegeu Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. Seu mandato teve início em 2015 e foi concluído em 2019.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Sérgio Reis ganhou destaque nas últimas semanas após circular nas redes sociais um áudio com cerca de 5 minutos em que ameaça os membros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É isso que você quer saber? É assim que vai ser. pronto", diz um trecho do áudio.
O cantor ainda afirma que convocou uma paralisação de caminhoneiros para o dia 8 de setembro até que o Senado afastasse os ministros do STF dos cargos.
"Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer. E se eles não obedecerem nosso pedido, vão ver a cobra fumar. Não tem conversa. E 'ai' do caminhoneiro que furar esse bloqueio", afirmou o cantor.
No áudio, Sérgio Reis conta a um amigo que esteve em Brasília e teria se reunido com o próprio presidente Jair Bolsonaro e com militares "do Exército, da Marinha e da Aeronáutica" para falar sobre seus planos de pressionar pela aprovação do voto impresso e o pedido de impeachment dos ministros do STF.
Reis disse que “se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”.
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Sérgio Reis afirma ainda que é uma liderança entre os caminhoneiros e que, ao lado dos maiores produtores de soja do País, caso o pleito não fosse atendido pelo Senado em 72h, haveria uma grande greve que pararia o Brasil.
O áudio circulou na cúpula do Judiciário e também entre parlamentares e foi reproduzido pelos principais veículos de notícia.
As falas, que circularam no último fim de semana nas redes sociais, foram repudiadas por políticos de diferentes orientações ideológicas e os líderes dos caminhoneiros disseram que o cantor não os representa.