Arte

Museu do Estado de Pernambuco celebra 90 anos de identidade e história

A comemoração precisou ser adiada por causa do isolamento social causado pela pandemia de Covid-19

Ariel Sobral
Ariel Sobral
Publicado em 02/10/2021 às 8:20 | Atualizado em 17/07/2022 às 21:43
Acervo/JC Imagem
FOTO: Acervo/JC Imagem

O Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) comemora seus 90 anos com a mostra “Tempo Tríbio – Museu do Estado de Pernambuco – 1930-2020”.

A comemoração que deveria ter acontecido em 7 de setembro do ano passado, data de aniversário da instalação do Mepe no casarão localizado na Avenida Rui Barbosa, 960, no bairro das Graças, precisou ser adiada por causa do isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.

A exposição presencial, de curadoria do antropólogo Raul Lody e da historiadora Maria Eduarda Marques, vai até novembro e agora está disponível para os visitantes, respeitando todas as medidas de segurança sanitária.

Ocupando três salas do museu, a mostra apresenta uma linha do tempo detalhada, repleta de informações inéditas e ilustrada por peças do acervo do museu.

Algumas, como a máscara mortuária de Agamenon Magalhães, até então inéditas para o público. Juntamente com a mostra, foi lançado um livro que recebe o mesmo nome que a exposição, publicado pela Cepe Editora, que narra a trajetória do museu desde a criação do espaço, passando pelo processo de criação da coleção de obras de arte.


Apresentando as revelações inéditas sobre detalhes dos processos de criação do Museu e de formação das primeiras coleções de artes e antiguidades, com análises sobre os contextos políticos e culturais sobretudo das décadas de 1920, 1930 e 1940 acontecidas no Recife.

Entrevista com a equipe do Museu do Estado de Pernambuco

O historiador André Soares, da equipe do Museu do Estado, concedeu uma entrevista ao site da TV Jornal para falar sobre a nova exposição comemorativa de 90 anos do museu, e discutir a importância de aparelhos como o Museu do Estado na preservação da história, e da identidade social e cultural de um povo.


Site TV Jornal - O que podemos encontrar na atual exposição no Museu em celebração aos 90 anos?

André Soares - A ideia de compor as peças em relação aos noventa anos era que fossem expostas peças que, ou não foram apresentadas até então, ou que foram apresentadas em exposições permanentes anteriores.

O segundo elemento que foi levado em consideração foi que quando se pensou em fazer exposições noventa anos se deu uma ênfase maior às questões anteriores à formação do museu propriamente dito.

Por exemplo, colocamos a linha do tempo mais precisamente em torno de 1920, que é o ponto de maior enfoque inicial, até o período da atualidade.

Então, traçamos um paralelo de como tudo se iniciou. A ideia desta exposição temporária foi realizada justamente fazer menção às coleções anteriores e a histórica do Museu do Estado de Pernambuco, destacando a produção artística, e às produções culturais tão importantes para o nosso estado

Site TV Jornal - Como se pode avaliar o espaço que é o Museu do Estado para Pernambuco?

André Soares - O Museu do Estado de Pernambuco consegue concentrar um acervo muito plural. O acervo do Museu do Estado tem uma polaridade muito grande, pluralidade de tipologias, trabalhando com o que chamamos de interdisciplinaridade.

Ou seja, o acervo que tem no museu do estado de Pernambuco ele permite realizar uma série de diálogos não apenas dos elementos históricos, assim como também os elementos culturais e também os elementos sociais.

Então, tudo isso de uma certa forma faz com que ele se torne uma peça importantíssima pra questão da compreensão da formação da sociedade, não apenas pernambucana, como também da sociedade brasileira. O que faz o Brasil ser Brasil.

E é exatamente por isso que o Mepe se enquadra dentro de um contexto muito mais importante. Não apenas para parte patrimonial como também para cultural, histórica e também social

TV Jornal - Diante de um cenário de desvalorização da cultura, como o trabalho de um museu se estabelece na discussão?

André Soares - Se nós pararmos para analisar bem direitinho, saberemos bem que de uma certa forma que o estado de Pernambuco é um estado que tem uma importância histórica nacional e até mesmo internacional. Encontraremos ao longo do nosso território uma série de lugares, de edificações, que nos dá essa ideia de patrimônio.

No entanto, a ideia patrimonial de um museu acaba ganhando uma situação um tanto quanto diferente porque permite ter um acervo enorme, como é o caso Mepe, que possui um pouco mais de dezesseis mil peças, que pode ser enquadrado dentro daquilo que a gente chama de “patrimônio móvel”.

Que podem ser retirados e transportados com facilidade por não estarem fixados ou fazer parte indivisível do imóvel tombado.

Com esse acesso, conseguimos entender que determinados tipos de situações que aconteceram no passado não devem se repetir nos dias de hoje. Então o museu ele quebra paradigmas, ele serve para informar, ele serve pra abrir debates, abrir discussões.

Site TV Jornal - É como é o trabalho do museu quando o assunto é a construção da identidade do Pernambucano?

André Soares - O museu traz para si a ideia da identidade de Pernambuco. Mesmo que muitas vezes possa ser questionado que a identidade que é mostrada não reflita todas as camadas da sociedade. Mas, de uma certa forma, essas peças servem para que a gente possa fazer determinados links.

Então, é sem sombra de dúvida que o museu é peça fundamental para a construção dessa identidade de Pernambuco. Uma identidade que pode ser inclusive questionada em uma formação histórica, mais importante é que a gente possa através desses debates, dessas discussões, chegar a um denominador comum e não fazer dessas peças uma negação ou não se sentir pertencente a isso.

SERVIÇO
Exposição de aniversário de 90 anos do Museu do Estado de Pernambuco.
“O título Tempo Tríbio – Museu do Estado de Pernambuco – 1930-2020”;
Duração: Até o mês de novembro;
Terça a sexta-feira: das 11h às 17h;
Sábados e Domingos: das 14h às 17h;
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 960, Graças – Recife/PE.