Alerta

Nova variante da Covid-19 da África do Sul: Confira o que já se sabe

A nova variante da covid-19 preocupa especialistas e países já tomam atitudes para tentar preveni-la

Com informações da Agência Brasil e do SBT
Com informações da Agência Brasil e do SBT
Publicado em 26/11/2021 às 9:18 | Atualizado em 11/01/2022 às 17:01
Divulgação/ SES-PE
FOTO: Divulgação/ SES-PE

A Organização Mundial da Saúde se reúne, nesta sexta-feira (26), para discutir se declara a nova cepa da covid-19 localizada na África do Sul como "variante de preocupação" ou "variante de interesse".

Cientistas anunciaram que a nova variante tem muitas mutações e pode ser mais transmissível.

Veja o que já se sabe sobre a nova variante:

  1. A nova variante está sendo chamada de B.1.1.529, mas deve ganhar um codinome grego
  2. Cientistas sul-africanos detectaram mais de 30 mutações na proteína spike, a parte do vírus que ajuda a criar um ponto de entrada para o coronavírus infectar células humanas. Em comparação, a variante Beta e Delta têm, respectivamente, três e duas mutações. Essa última se originou na Índia e causou a segunda onda devastadora no ano passado.
  3. Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botsuana; e um em Hong Kong de morador que fez uma viagem à África do Sul.
  4. As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infectar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico sobre o patógeno
  5. Qualquer nova variante que seja capaz de escapar das vacinas ou se espalhar mais rápido do que a agora dominante variante Delta pode representar uma ameaça significativa, quando o mundo sair da pandemia.

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Descoberta

Os cientistas alertam que a variante B.1.1.529, descoberta pela primeira vez em Botsuana e com casos de infecção confirmados na África do Sul, tem um "número extremamente alto" de mutações, o que pode levar a novas ondas de covid-19.

A nova variante causou grandes preocupações aos pesquisadores, porque algumas das mutações podem ajudar o vírus a escapar à imunidade.

A variante B.1.1.529 tem mutações na proteína spike, a parte do vírus que a maioria das vacinas usa para preparar o sistema imunológico contra a covid-19.

As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infectar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico sobre o patógeno.

O virologista do Imperial College London Tom Peacock revelou vários detalhes da nova variante, afirmando que:

“A quantidade incrivelmente alta de mutações de pico sugere que isso pode ser uma preocupação real”.

Na rede social Twitter, ele defendeu que “deve ser muito, muito, monitorado devido a esse perfil horrível de picos”.

Ele acrescentou que pode acabar por ser um “aglomerado estranho” que não é muito transmissível. “Espero que seja esse o caso”.

A médica Meera Chand, microbiologista e diretora da UK Health Security Agency, afirmou que, em parceria com órgãos científicos de todo o mundo, a agência monitora constantemente a situação das variantes de SARS-Cov-2 em nível mundial, à medida que vão surgindo e se desenvolvem.

“Como é da natureza do vírus sofrer mutações frequentes e aleatórias, não é incomum que surjam pequenos números de casos apresentando novas mutações. Quaisquer variantes que apresentem evidências de propagação são avaliadas rapidamente”, acrescentou ao The Guardian.

Os cientistas observam a nova variante, em busca de qualquer sinal de que esteja a ganhar força e acabe por se espalhar amplamente.

Alguns virologistas da África do Sul já estão preocupados, especialmente devido ao recente aumento de casos em Gauteng, uma área urbana que inclui Pretória e Joanesburgo, onde já foram detectados casos com a variante B.1.1.529.

Ravi Gupta, professor microbiologista da Universidade de Cambridge, afirmou que o seu trabalho em laboratório revelou duas mutações na B.1.1.529 que aumentam a infecção e reduzem o reconhecimento de anticorpos.

“Parece certamente uma preocupação significativa com base nas mutações presentes”, disse.

“Contudo, uma prioridade chave do vírus desconhecida é a infecciosidade, pois é isso que parece ter impulsionado principalmente a variante Delta. A fuga imune é apenas uma parte da imagem do que pode acontecer”, acrescentou Gupta.

Já o professor François Balloux, diretor do Instituto de Genética do University College London, considera que o grande número de mutações na variante, aparentemente acumuladas num “único surto”, sugere que pode ter evoluído durante uma infecção crônica em uma pessoa com o sistema imunológico enfraquecido, possivelmente um doente com aids não tratada.

“É difícil prever o quão transmissível pode ser nesta fase. Por enquanto, deve ser acompanhado de perto e analisado, mas não há razão para demasiada preocupação, a menos que comece a subir de frequência num futuro próximo”, afirmou Balloux.

Europa proíbe voos oriundos da África

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou na manhã desta 6ª feira (26.nov) que vai propor uma proubição de viagens aéreas oriundas de países do sul da África para Europa.

Nas redes sociais, disse que "irá propor, em estreita coordenação com os estados membros interromper as viagens da região devido à nova variante"

 

Já adotaram a medida o Reino Unido, Israel e Cingapura.

A Organização Mundial da Saúde deve batizar hoje com um codinome grega a nova variante que tem mais de 30 mutações na proteína spike, chave usada pelo vírus para entrar nas células e alvo das vacinas contra a covid-19.