Violência

VÍDEO: Padre ameaça bater em cachorros que estiverem dentro da igreja

Um padre de Bezerros ameaçou bater em cachorros que estivessem presentes na hora da missa; veja o que diz o religioso sobre o ocorrido

Maria Clara Batista
Maria Clara Batista
Publicado em 20/07/2022 às 10:57 | Atualizado em 20/07/2022 às 11:11
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Reprodução/Internet
Padre de Bezerros ameaça bater em cachorros que estiverem dentro da igreja - FOTO: Reprodução/Internet

Um vídeo gravado durante uma missa repercutiu nas redes sociais. Nas imagens, o padre Antônio Ivemar da Silva Pontes, da Paróquia de São Sebastião, em Bezerros, município em Pernambucocondena a presença de cachorros dentro da igreja.

Na ocasião, o religioso disse que seria obrigado a pegar uma "tabiquinha e dar uns tapinhas" nos animais.

PADRE DE BEZERROS AMEAÇA BATER EM CACHORROS 

Durante o recado para os fiéis, o padre diz que, para ele, igreja não é lugar para animais e ameaçou utilizar um instrumento para bater nos cachorros. Confira no vídeo:

"Tem padre que gosta de animais, eu mesmo gosto e tenho em casa. Mas na igreja, não. Se você tem cachorro, deixa em casa. Se não, eu vou ser obrigado a providenciar uma tabiquinha pra quando o cachorro chegar aqui, eu dar uma tapinha nele", disse o padre.

Com a repercussão negativa, o Padre Antônio Ivemar se explicou durante a missa da última terça-feira (19), afirmando que não quis incitar violência contra os animais.

"Eu queria pedir perdão a comunidade, aos internautas, se sentiram ofendidos com as palavras que eu falei ontem a respeito dos cachorros. A minha intenção não foi e nem condiz com a verdade de que eu queria provocar violência contra qualquer tipo de animal. Minha mãe está aqui (na missa) e ela é testemunha diante de Deus, que eu já criei cachorros desde de novinhos até a morte. E chorei muito, porque a gente sempre se apega a animais de estimação. Eu nunca cometi nenhum tipo de violência a nenhum tipo de animal, nem incitei violência nenhuma", disse o padre de Bezerros.

Durante a missa, o padre afirmou que foi mal compreendido.

"O que eu pedi foi que as pessoas não trouxessem seu animal de estimação para a igreja. E falei que ainda tem que usar a 'tabiquinha' para orientar o cachorro para não entrar (na igreja). Pegaram essa fala da 'tabiquinha' e aí disseram que o 'padre de Bezerros é contra os animais', eu não sou contra animal nenhum. São seres criados por Deus também e devemos ter o respeito e o cuidado."

ANIMAIS NAS PARÓQUIAS

A paróquia de Bezerros faz parte da diocese de Caruaru, no agreste pernambucano, que não se pronunciou sobre o caso.

Apesar disso, não existe nenhum decreto ou preceito eclesiástico que proíba a entrada de animais na igreja.

Em Gravatá, cidade que também faz parte da diocese de Caruaru, o padre João Paulo, da paróquia de Santana, é conhecido como um religioso que cuida dos animais.

Nas missas celebradas por ele, é comum sempre ver um cachorro no altar, o que fez com que o religioso fosse convidado para participar de uma série da Netflix.

O vídeo do padre de Bezerros viralizou na internet e causou revolta em protetores e donos de animais.

Em nota divulgada para a imprensa, o vereador Anderson Correia, de Caruaru, cidade vizinha a Bezerros, repudiou o ocorrido.

O vereador alegou que a fala do pároco estimula a violência contra os animais.

VEJA NOTA NA ÍNTEGRA:

"NOTA DE REPÚDIO - AO PADRE ANTONIO IVEMAR DA SILVA PONTES, PÁROCO DA PARÓQUIA DE SÃO SEBASTIÃO, EM BEZERROS-PE

Em tempos tão difíceis para a defesa dos direitos dos animais, percebemos ainda, pessoas que deveriam respeitá-los e defendê-los indo de contra a Constituição Federal, legislações federais, leis estaduais e municipais, como também, contra a própria ‘CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’, que fala sobre os cuidados da casa comum, de autoria do Papa Francisco.

As falas do Padre Ivemar são lamentáveis. Orientar pessoas para que não levem os animais para igreja é algo que, mesmo não sendo de acordo, poderia eventualmente ser entendida porque nem todos têm a mesma sensibilidade no trato com os animais. Mesmo afirmando que não existe nenhum decreto ou preceito eclesiástico que proíba a entrada de animais ou que a Igreja 'não é lugar de cachorro'. Existem inúmeros exemplos de comunidades que interagem muito bem com animais que frequentam os templos. Isso reflete uma infeliz opinião pessoal.

O Padre Ivemar não pode, além disso, defender uma punição violenta contra os cachorros, ou mesmo instar os fiéis a fazer o mesmo. A grande maioria desses animais não são levados por ninguém, mas vivem nas ruas e ao invés de uma 'tabiquinha' precisam de ajuda e acolhimento por parte dos humanos, até porque não atrapalham as celebrações e somente desejam um pouco de sombra e tranquilidade.

Não podemos achar normal um formador de opinião discursar para seus fiéis de que é normal o uso da violência para coibir os animais na igreja. Essa fala infeliz autoriza qualquer pessoa a punir o seu animal em casa com 'uma tabiquinha', mas só lembrando aos desinformados que a pena para quem maltrata 'cães e gatos' é de 2 a 5 anos, e se o animal morrer, pode chegar até 6 anos de PRISÃO!

Não podemos achar normais falas como essa e repudiamos qualquer ato de crueldade aos animais não-humanos." - nota do vereador Anderson Correia, de Caruaru, município no agreste de Pernambuco.

*Com informações de Karol Matos, da Rádio Jornal

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