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PRECATÓRIOS DO FUNDEF: governo pode não conseguir pagar professores no dia 8; saiba motivo

Apesar da data anunciada, Governo de Pernambuco ainda depende de ofício da Presidência do STF

JAMILDO MELO Lorena Lins
JAMILDO MELO
Lorena Lins
Publicado em 26/07/2022 às 14:45 | Atualizado em 26/07/2022 às 14:50
BETO DLC / JC IMAGEM
Nesta segunda-feira (12), o governador de Pernambuco anunciou homologação do resultado de outro concurso para professor - FOTO: BETO DLC / JC IMAGEM

Devido a um problema burocrático, do STF (Supremo Tribunal Federal e o TCU (Tribunal de Contas da União) irá poder atrapalhar o pagamento dos precatórios do FUNDEF para vários professores da rede estadual.

Através das redes sociais, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou que o pagamento está previsto para o próximo dia 8 de agosto.

O Blog de Jamildo teve acesso exclusivo, através de fonte no Governo do Estado, o documento da Procuradoria Geral do Estado (PGE) de Pernambuco, órgão ao qual assessora juridicamente o governador.

Pelo menos 60% deste valor bilionário deve ir para os professores, segundo acordo fechado entre o Governo de Pernambuco e representantes da categoria. O acordo já foi sacramentado em lei da Assembleia Legislativa.

O Governo Federal cumpriu sua parte, liberando 40% do valor do precatório, na quantia de R$ 1.759.390.108,03 (um bilhão, setecentos e cinquenta e nove milhões, trezentos e noventa mil cento e oito reais e três centavos) para Pernambuco.

O dinheiro foi repassado ao STF, que abriu uma conta-corrente para o Governo de Pernambuco poder sacar o dinheiro. Normalmente, segundo a fonte, o Governo de Pernambuco só precisaria pedir um alvará para se apoderar da quantia bilionária.

Acontece que o Tribunal de Contas da União (TCU), em duas decisões recentes, já determinou para todo o país, estados e municípios, que estes recursos dos precatórios do FUNDEF só poderão ser movimentados em contas-correntes específicas, destinadas exclusivamente a recursos da educação, como FUNDEB e FUNDEF.

"O TCU deixou assente que os recursos dos precatórios do extinto Fundef devem ser depositados apenas em conta bancária específica, criada exclusivamente com esse propósito, a fim de garantir-lhes a finalidade e a rastreabilidade", explica a PGE, no documento.

A problemática da situação é que o STF depositou o valor liberado pelo Governo Federal em uma conta-corrente comum, ao invés de uma conta-corrente especial, destinada a educação. 

Por questão de cautela, o Governo de Pernambuco precisa movimentar o dinheiro, antes de gastar, para uma conta-corrente específica da educação.

O Governador de Pernambuco abriu a conta-corrente na Caixa Econômica Federal (CEF).

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Autoridades tentam desatar nó no STF e garantir pagamento - Reprodução

O órgão público agora está atrás, no STF, para que o presidente da Corte, Luiz Fux, ou a vice-presidente, Rosa Weber, assinem um ofício, para que assim, autorizem a transferência do dinheiro da conta-corrente comum para a conta específica da educação aberta na Caixa Econômica Federal. 

"A conta corrente aberta na Caixa Econômica Federal, específica e exclusiva para o recebimento dos recursos de precatório do FUNDEF e informação da Gerência de Pessoas Jurídicas da Agência da Caixa Econômica Federal – documentos anexos, de titularidade do Estado e de controle da Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco, para que se proceda a transferência eletrônica dos recursos à Conta ora indicada", aponta a PGE.

Só após o dinheiro estar na nova conta-corrente na Caixa, o dinheiro ficará garantido para pagamento dos professores, previsto para 8 de agosto.

O procurador do Estado que atua em Brasília está, segundo a fonte, o tempo todo na sala de espera da Presidência do STF, batalhando em nome da PGE pela assinatura rápida do ofício transferindo o dinheiro.

A PGE fez o requerimento ao STF, em 19 de julho. Até agora, segundo o andamento oficial do STF, o ofício não foi expedido.

O problema, segundo a fonte, é que o STF está em férias coletivas até 31 de julho e os ministros só estão despachando questões urgentes.

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Danilo Cabral (PSB), pré-candidato ao Governo, e Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco - Divulgação

Caso o dinheiro não seja liberado na data prometida pelo governador, poderá haver um desgaste eleitoral para a Frente Popular.

Tanto o candidato a governador, Danilo Cabral (PSB), quanto a candidata ao Senado, Teresa Leitão (PT), usaram este pagamento do FUNDEF como plataforma eleitoral.

Eudes Regis/Estado
Em evento com professores, Paulo Câmara esteve em encontro das gerências de educação da RMR - FOTO:Eudes Regis/Estado
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Autoridades tentam desatar nó no STF e garantir pagamento - FOTO:Reprodução
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Danilo Cabral e Paulo Câmara - FOTO:Divulgação