Onda de manifestações

PROTESTOS NO IRÃ: O que aconteceu com Mahsa Amini? Entenda como morte de jovem iraniana gerou onda de manifestações

Pelo menos 17 pessoas morreram em protestos pelo Irã, segundo televisão estatal. Onda de manifestações entra no sexto dia após morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na última sexta-feira (16)

Humberto Cassimiro
Humberto Cassimiro
Publicado em 23/09/2022 às 19:01 | Atualizado em 23/09/2022 às 20:51
Notícia
KENZO TRIBOUILLARD / AFP
Manifestantes em frente à embaixada iraniana em Bruxelas, na Bélgica, seguraram imagens e cartazes em protesto provocado pela morte da jovem Mahsa Amini - FOTO: KENZO TRIBOUILLARD / AFP

Uma onda de manifestações vem tomando conta do Irã após a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, detida pela polícia da moral no dia 13 de setembro. Pelo menos 17 pessoas morreram em meio aos protestos.

De acordo com a ONG de oposição Iran Human Rights (IHR), sediada na Noruega, o número de vítimas fatais pode ser ainda maior: 31 civis mortos pelas forças de segurança, informou a AFP.

As agências de notícias do país mencionavam, no balanço anterior, 11 mortos, sendo sete manifestantes e quatro agentes das forças de segurança. As autoridades iranianas negam qualquer envolvimento na morte dos manifestantes.

"Dezessete pessoas, incluindo manifestantes e policiais, perderam a vida nos eventos dos últimos dias", anunciou a televisão estatal, sem apontar o número exato de manifestantes e policiais mortos em novo balanço.

O que aconteceu com Mahsa Amini?

KENZO TRIBOUILLARD / AFP
Manifestantes em frente à embaixada iraniana em Bruxelas, na Bélgica, seguraram imagens e cartazes em protesto provocado pela morte da jovem Mahsa Amini - KENZO TRIBOUILLARD / AFP
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Manifestantes em frente à embaixada iraniana em Bruxelas, na Bélgica, seguraram imagens e cartazes em protesto provocado pela morte da jovem Mahsa Amini - KENZO TRIBOUILLARD / AFP
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Flores foram colocadas em cima de retratos da jovem iraniana Mahsa Amini em frente à embaixada iraniana em Bruxelas, na Bélgica - KENZO TRIBOUILLARD / AFP

Natural do Curdistão, noroeste do Irã, a jovem Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida pela polícia da moral — unidade responsável por fiscalizar o cumprimento do rígido código de vestimenta — em 13 de setembro na capital do país, Teerã.

A acusação contra Mahsa era de que ela estaria usando "roupa inapropriada" por não estar cobrindo os cabelos com o hijab. O Irã também não permite que mulheres usem peças curtas acima dos joelhos, calças apertadas ou jeans rasgados.

Mahsa Amini morreu na última sexta-feira, 16 de setembro, em um hospital. De acordo com ativistas, a jovem foi agredida fatalmente na cabeça, mas as autoridades do Irã negam a acusação e anunciaram a abertura de uma investigação.

Onda de protestos entra no sexto dia

As manifestações iniciaram logo após a morte de Mahsa Amini ter sido anunciada. Os eventos foram registrados em pelo menos 15 cidades do país e já entraram em seu sexto dia.

A Anistia Internacional, ONG que defende os direitos humanos a nível global, denunciou uma "repressão brutal" e o "uso ilegal de balas de borracha, balas letais, gás lacrimogêneo, jatos d'água e cassetetes para dispersar os manifestantes".

UGC / AFP
Manifestantes iranianas tiraram hijab durante protesto na cidade de Saveh, em 21 de setembro - UGC / AFP

A Guarda Revolucionária disse, nesta quinta-feira (22) que uma sofre uma "guerra midiática a todo custo" e disse se tratar de uma "conspiração fadada ao fracasso".

Irã bloqueia acesso a redes sociais após onda de manifestações

As conexões com a internet ficaram mais lentas desde o início das manifestações no Irã. Desde a quarta-feira (21) à noite, as autoridades do país bloquearam o acesso às redes sociais WhatsApp e Instagram.

Segundo a agência Fars, a medida teria sido adotada por conta "das ações realizadas pelos contrarrevolucionários contra a segurança nacional por meio destas redes sociais".

No Irã, o Instagram e o WhatsApp são os aplicativos mais utilizados após o bloqueio de plataformas como Facebook, Twitter, TikTok, YouTube e Telegram pelas autoridades nos últimos anos. O acesso a internet é, inclusive, amplamente filtrado ou restrito.

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