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Dia Estadual de Combate ao Feminicídio: Família de fisioterapeuta Tássia Mirella fala da saudade 6 anos após crime

O assassino do feminicídio foi condenado a 30 anos de prisão

Analu Pereira
Analu Pereira
Publicado em 05/04/2023 às 20:18
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Beto DLC / TV Jornal
Pais de fisioterapeuta Tássia Mirella assassinada em 2017 falam da saudade da filha - FOTO: Beto DLC / TV Jornal

O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi marcado pela dor e saudade de familiares da fisioterapeuta Tássia Mirella de Sena Araújo, de 28 anos. Há exatos 6 anos, ela foi assassinada a facadas no flat onde morava, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

“Não tem um minuto que eu não lembre da minha filha. Especialmente num dia como hoje. Mirella corria contra o tempo e conseguiu realizar muitos sonhos. A gente sabe que filho é um empréstimo, que Deus dá a gente e que um dia a gente vai ter que devolver, mas ninguém quer devolver um filho dessa maneira. Se não fosse a fé em Deus não conseguia seguir adiante não. Todo mês dia 5 eu escrevo pra Mirella e posto com uma foto dela. Choro de saudade”, conta dona Suely Araújo.

Beto DLC / TV Jornal
Pais de fisioterapeuta Tássia Mirella assassinada em 2017 falam da saudade da filha - Beto DLC / TV Jornal

As investigações apontaram que ela teve o quarto invadido pelo vizinho, o comerciante Edvan Luiz da Silva. Vizinhos ouviram os gritos, acionaram a polícia, mas já era tarde.

Tássia Mirella não tinha qualquer relação com o vizinho. Foi morta apenas pela condição de ser mulher.

O assassino foi autuado em flagrante por homicídio quadruplamente qualificado (feminicídio, emprego de meio cruel, recurso que tornou impossível a defesa da vítima e crime cometido para assegurar ocultação/impunidade de outro crime) e por estupro. Edvan foi condenado a 30 anos de prisão.

O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi escolhido em referência à data da morte de Tássia Mirella.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Mesmo com as campanhas de conscientização, a violência contra a mulher não diminui. Somente nos dois primeiros meses deste ano, 7.960 vítimas em Pernambuco procuraram a polícia para prestar queixa contra seus agressores. Uma média de 135 por dia.

Neste Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, é preciso reforçar às mulheres que elas precisam pedir ajuda sempre que forem vítimas de qualquer tipo de agressão, seja física ou verbal.

"É preciso que as mulheres procurem a polícia desde o primeiro sinal para que não haja um escalonamento da violência. A vítima de violência vai ser inserida na rede de proteção, assim como o agressor será punido", afirma a gestora do Departamento de Polícia da Mulher, Fabiana Leandro.

"O aumento no número de denúncias é positivo, porque mostra que as mulheres estão mais encorajadas. Mas é importante também que o homem entenda o que é a violência doméstica. Estamos passando por uma fase de reeducação e de enfrentamento dessa violência para salvar mais vidas", completa.

Entre 1º de janeiro e 28 de fevereiro de 2023, a polícia contabilizou nove casos de feminicídio em Pernambuco (um a menos do que no mesmo período do ano passado). Quatro vítimas tinham entre 18 e 29 anos e cinco tinham entre 35 e 64 anos.

Uma das vítimas foi Marly Mendes Viana Acioli, 57, que foi atingida a facadas pelo companheiro, Heribaldo Peixoto Acioli, 69, no município de Garanhuns, no Agreste do Estado, em 23 de janeiro deste ano. Em seguida, o autor do crime tirou a própria vida. Os corpos foram encontrados pelos filhos do casal.

Em alusão ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, a Polícia Civil fará um mutirão para cumprimento de mandados de prisão em aberto no Agreste de Pernambuco. Também promete priorizar as prisões em flagrante relacionadas à violência contra a mulher.

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