Ter familiares internados no Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife tem sido uma verdadeira via-crúcis para vários parentes de pacientes.
Falta de informação sobre os internos, dificuldades para se alimentar, banheiro sem torneira, papel higiênico e chuveiro, colchões pelo chão e banho com água da descarga resumem a triste realidade de quem tem parentes internados na maior emergência do estado de Pernambuco.
Uma das pessoas que tem passado por essa situação é a diarista Maria Aparecida, que acompanha o filho de 25 anos, internado na ala vermelha do HR desde o dia 20 de abril, após ser baleado na nuca.
Moradora de Palmares, a 121 km do Recife, ela afirma não ter condições de ir e voltar pra casa todos os dias e que, por isso, tem passado os dias na porta da emergência onde está o filho.
As dificuldades enfrentadas por Maria, contudo, não param por aí. Segundo ela, se alimentar e manter a higiene não tem sido algo fácil.
A gente virou mendigo. Dentro do banheiro não tem chuveiro. A gente tira água da descarga pra tomar banho", conta a mulher, explicando que tem usado uma cuia para se banhar.
Por telefone, a assessoria de comunicação do HR disse que a situação de Maria não representa a da maioria dos acompanhantes.
A equipe do hospital diz ainda que a mulher, a exemplo de outras pessoas, recusou o abrigo em uma casa de apoio do município.
Além disso, parentes de pacientes que têm direito a acompanhamento têm recebido toda assistência social por parte do HR. Confira a íntegra do posicionamento do hospital abaixo.
SEM INFORMAÇÕES SOBRE OS PACIENTES
Por diversos motivos, nem todos os pacientes têm direito a acompanhante. Por isso, o hospital estabeleceu que estes podem receber visitas duas vezes por dia, por 30 minutos.
Durante o restante do tempo, os familiares precisam esperar pelos corredores e depender da boa vontade defuncionários do HR parareceberem alguma notícia sobre o estado de saúde de quem está internado.
É o que conta uma senhora, que preferiu não se identificar e está com a mãe de 62 anos internada na unidade de saúde.
Vinda de Agrestina, a 151 km da capital pernambucana, ela revela que saber o estado de saúde da mãe é difícil.
Já é difícil ter um parente internado e passar por essa situação deixa tudo pior’’, conta outra mulher, que está com o pai, idoso de 83 anos, na ala vermelha do HR.
PAGANDO POR REMÉDIOS E CARGA NO CELULAR
Alguns familiares relatam ainda que têm recorridos aos próprios recursos para comprar remédios a serem administrados pelos profissionais de saúde nos pacientes.
Também contam que não têm acesso a tomadas para carregar a bateria do celular e precisam controlar o tempo de acesso ao aparelho para não descarregar.
"Trouxe medicamento para minha mãe, pois não estava sendo medicada. Falta de higiene também. Tudo a gente tem que pagar, até pra carregar o celular”, diz ela, afirmando que o lado do hospital, comerciantes cobram cerca de R$ 3 por hora pelo uso de uma tomada.
NOTA DO HR
O Hospital da Restauração (HR) informa que o Serviço Social funciona 24 horas, acolhendo os parentes dos pacientes que chegam à unidade. As equipes do hospital também orientam os familiares sobre horários de visitas do setor onde o paciente está e em relação a existência de casas de apoio, que são de responsabilidade dos municípios de origem.
O HR explica que as torneiras e as tampas dos vasos sanitários, assim como as tomadas elétricas externas, foram desativadas por causa do mau uso dos ambientes.
Em relação aos atendimentos, o Hospital da Restauração informa que todos os pacientes internados recebem assistência multiprofissional e os procedimentos adotados pelas equipes de assistência são definidos de acordo com o quadro de saúde da pessoa.
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