Após uma mulher acusar o padre Airton Freire de Lima, da Fundação Terra, e o motorista dele, Jailson Leonardo da Silva, de participarem de um ato de violência sexual da qual denunciou ter sido vítima, a diretora das Especializadas da Polícia Civil de Pernambuco, a delegada Morgana Alves, afirmou que as investigações estão em estágio avançado.
"A Polícia Civil de Pernambuco está investigando esse caso, que está inserido como um ato atentatório contra a liberdade e dignidade sexual. Como existe a questão do sigilo, por segredo de justiça, isso nos impede de dizer quem são as pessoas que foram inqueridas. Mas, aproximadamente, 22 pessoas já tiveram seus depoimentos colhidos", declarou a delegada Morgana Alves, em entrevista à TV Jornal.
A delegada não descartou a possibilidade de outras mulheres terem sido vítimas do padre. "Podemos considerar outras possíveis vitimas, sim. Porém, somente ao final das investigações, é que vamos saber", pontuou.
Acusação
A personal stylist identificada como Silvia Tavares, de 53 anos, diz ter sofrido violência sexual pela dupla em agosto de 2022.
Em entrevista à TV Jornal, ela disse que mantinha uma relação próxima com o padre e o tinha como uma figura paterna e santa. "Acreditava piamente na honestidade dele e chamava ele de padinho", declarou.
Ainda segundo a mulher, a admiração deu lugar ao pavor após ser violentada pelo motorista do sacerdote a mando do padre e na presença dele. Na ocasião, ela teria sido chamada pelo religiosa realizar uma suposta massagem.
"Perguntei o que ele queria comigo aquela hora e ele disse que me chamou para dar uma massagem. Foi então que ele pediu para eu apertar seu cóccix. Quando fiz isso, percebi que ele estava sem usar shorts e peça íntima, então dei um pulo da cama", relatou.
Ainda em conversa com a TV Jornal, Silvia Tavares, explicou que neste momento o motorista do padre teria entrado em ação.
"Quando pulei da cama, o motorista colocou a faca no meu pescoço, me deu uma gravata e disse 'quieta que ninguém vai morrer'", continuou a personal stylist.
Nessa quarta-feira (31), a mulher foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir agilidade da investigação do caso.
"Oferecemos prioritariamente o acolhimento dela como vítima de violência. Estamos articulando acolhimento psicológico e vendo uma advogada para que ela possa ser acompanhada", declarou Juliana Gouveia, secretária executiva da mulher.
O que diz a Diocese de Pesqueira
Por meio de nota, a Diocese de Pesqueira, localizada no Agreste de Pernambuco, informou que suspendeu o padre das atividades religiosas.
Um documento assinado pelo bispo Dom José Luís Ferreira Sales proibiu o padre Airton de presidir publicamente ritos religiosos, com exceção de celebrações eucarísticas privadas com ate três fiéis.
Defesa do padre Airton
Também através da divulgação de uma nota, a defesa do sacerdote negou a prática de qualquer ato ilícito e reafirmou a inocência do religioso.
No texto, o sacerdote lamenta ter sido alvo de acusações infundadas e injustas afirma que constituiu advogados para exercer a defesa.
Confira nota na íntegra:
O Padre Airton Freire nega a prática de qualquer ato ilícito e reafirma sua inocência, não sendo verdadeiras as alegações contra ele dirigidas. O sacerdote lamenta ter sido alvo de acusações infundadas e injustas e já constituiu advogados para exercer sua defesa. Também considera que o afastamento determinado pela Diocese de Pesqueira permitirá que as apurações transcorram com toda a tranquilidade necessária para que se apure a verdade sobre os fatos.
Padre deixa cargo
Nesta quarta-feira (7), Padre Airton Freire divulgou nota afirmando que vai se afastar da presidência da Fundação Terra dos Servos de Deus, passando sua governança para a vice-presidente, Jéssica Mickaelly Pereira, até que se chegue a um esclarecimento dessa atual situação.
Na nota, o religioso disse estar psicologicamente abalado por tais notícias e completou: "Peço, sobretudo, não não se esqueçam dos pobres."
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