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Pesquisa aponta que homens só se igualam às mulheres em tarefas do lar quando vivem sozinhos

Pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira (11/08)

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Suzyanne Freitas

Publicado em 11/08/2023 às 10:55 | Atualizado em 11/08/2023 às 10:56
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Uma pesquisa realizada pela PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostras de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a divisão das tarefas domésticas ainda segue muito desigual no Brasil. Os resultados da pesquisa foram divulgados nesta sexta-feira (11).

Para os homens, morar sozinho significa maior intensidade de horas dedicadas aos afazeres domésticos, mas esta é a única condição em que a realização das tarefas de casa por eles se assemelha à das mulheres.

Já para elas, é justamente o contrário: viver com mais alguém da família torna o tempo dedicado a essas atividades ainda maior.

A presença de filhos no lar pode ser apontada como um dos fatores que contribuem, em parte, para essa maior demanda observada entre as mulheres. Entretanto, a análise revelou uma redução no cuidado de crianças de zero a 14 anos, contrastando com um aumento nos cuidados a adultos e idosos.

Alessandra Brito, analista do IBGE, observa: "Esse declínio nos cuidados às pessoas tem duas possíveis explicações: o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, o que pode levar à terceirização do cuidado infantil, e também a queda no número de filhos, tendência que foi acentuada durante a pandemia".

Independentemente da presença de filhos, as mulheres continuam a destinar mais tempo aos afazeres domésticos em comparação aos homens.

No caso das mulheres sem ocupação no mercado de trabalho, a pesquisa constatou que elas dedicaram quase cinco horas diárias a tarefas domésticas. Por outro lado, os homens na mesma situação não chegaram nem a três horas diárias.

Esses números ilustram que a realidade da dupla jornada ainda persiste de maneira mais pronunciada para as mulheres. Considerando homens e mulheres empregados fora de casa, as mulheres dedicam, em média, quase sete horas semanais a mais aos afazeres domésticos em comparação aos homens.

Isso resulta na concessão de tempo dedicado ao trabalho fora de casa por parte das mulheres, devido às atividades domésticas.

Enquanto que para os homens a realização ou não de tarefas domésticas e cuidados pessoais tem pouco impacto na média de horas de trabalho fora de casa, para as mulheres a situação é diferente.

Em média, as mulheres acabam reduzindo sua jornada de trabalho em quase duas horas semanais para equilibrar a carga de responsabilidades domésticas com o trabalho externo. Alessandra explica: "Nesse caso, as mulheres podem ter empregos mais flexíveis ou trabalhar menos horas por semana".

Embora os números confirmem uma realidade preexistente de desigualdade nas divisões das tarefas domésticas, algumas tendências estão gradualmente se modificando.

Alessandra Brito relata que, desde o início dos registros em 2016, a diferença de tempo dedicado a afazeres domésticos entre homens e mulheres estava em ascensão.

"Era sempre superior a dez horas essa discrepância. No entanto, agora, pela primeira vez, detectamos uma diminuição", informa.

Atualmente, as mulheres dedicam 9,6 horas a mais do que os homens a tarefas domésticas, em comparação às 10,6 horas de diferença em 2019. A redução, ainda que modesta, foi especialmente influenciada por homens com níveis mais elevados de educação.

Um outro dado positivo diz respeito ao aumento do engajamento em atividades voluntárias nas cinco regiões do país: mais de 7,3 milhões de brasileiros acima de 14 anos participam desse tipo de atividade. Alessandra observa: "Isso pode representar um novo perfil surgido após a pandemia".

Entre os afazeres domésticos considerados na pesquisa do IBGE estão cozinhar, lavar louça, cuidar da lavagem de roupas, realizar pequenos reparos no lar, fazer a limpeza, gerenciar contas e funcionários, fazer compras e cuidar de animais de estimação.

CUIDADOS

Quanto aos cuidados com pessoas, as atividades abrangem alimentação, vestimenta, banho, apoio em atividades educacionais, interação por meio de brincadeiras, oferecer companhia em casa, transporte ou acompanhamento para escola, médico, exames, e outras formas de assistência.

Neste aspecto, 35% das mulheres relataram desempenhar tais atividades, enquanto essa taxa entre os homens foi de 23%.

PANDEMIA

Vale ressaltar que a pesquisa não foi conduzida em 2020 e 2021 devido à pandemia.

 *Com informações do UOL

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