ECONOMIA

Copom observa inflação favorável, porém expressa preocupação com as contas públicas

Em ata de reunião, Copom fala em "esmorecimento no esforço de reformas estruturais" e "incertezas sobre a estabilização da dívida pública"

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Vitória Floro

Publicado em 26/09/2023 às 9:08
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) tomou a decisão de reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, estabelecendo-a em 12,75% ao ano.

O Copom observou que a inflação no Brasil demonstrou uma "dinâmica corrente mais benigna", mas expressou preocupação em relação ao "esmorecimento no esforço de reformas estruturais" e às "incertezas sobre a estabilização da dívida pública" no país.

Na ata da última reunião do Copom, divulgada pelo BC nesta terça-feira (26/9), a autoridade monetária destacou que essas incertezas têm o potencial de aumentar a taxa de juros neutra da economia, o que teria efeitos prejudiciais sobre a eficácia da política monetária e, consequentemente, sobre o custo da desinflação em termos de atividade econômica.

O BC ressaltou que "a inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação. Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta".

Além disso, o Copom avaliou que a incerteza nos mercados, com aumento dos prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente relacionada ao desenho final do arcabouço fiscal, mas atualmente está mais associada à implementação das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço fiscal e ao cumprimento das metas fiscais.

O Comitê enfatizou a importância da consecução firme dessas metas para ancorar as expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária.

Ritmo de cortes deve continuar

Em linha com o comunicado que acompanhou a última decisão sobre a Selic, o Copom reiterou, na ata da reunião, que o ritmo de redução das taxas de juros deve se manter constante.

O comitê afirmou que "não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado".

A ata prosseguiu afirmando que "o Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços".

O Copom também destacou que, "em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

A nota ressaltou ainda que "a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".

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