CRIME

PF encerra fábrica clandestina de cigarros e resgata escravos paraguaios

Esquema liderado por um empresário de São Paulo movimentou R$ 20 milhões. Segundo a PF, paraguaios trabalhavam como escravos em uma fábrica

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Vitória Floro

Publicado em 14/11/2023 às 11:42
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Nesta terça-feira (14/11), a Polícia Federal (PF), em colaboração com a Receita Federal e a cooperação do Ministério do Trabalho, deflagrou a Operação Illusio com o propósito de combater uma organização criminosa envolvida na falsificação e contrabando de cigarros de marcas paraguaias, além do descaminho de maquinário utilizado na fabricação desses produtos.

Os investigados também são suspeitos de praticar tráfico de pessoas, transformando-as em condição análoga à escravidão em uma fábrica clandestina em Minas Gerais.

Um contingente de mais de 165 policiais federais está cumprindo 11 mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e 35 de busca e apreensão. As ordens foram emitidas pelo Juízo da Justiça Federal em Belo Horizonte (MG) e abrangem residências, galpões e empresas nas cidades de Manaus (AM), Capim Grosso (BA), Belo Horizonte (MG), Divinópolis (MG), Itaúna (MG), Nova Lima (MG), Nova Serrana (MG), Pará de Minas (MG), Pitangui (MG), São Gonçalo do Pará (MG), Barueri (SP), Carapicuíba (SP), Indaiatuba (SP), Osasco (SP), Santana de Parnaíba (SP), São Caetano do Sul (SP), São Paulo (SP), Taiuva (SP) e Nova Ipixuna (PA).

Fábrica de cigarros

Através de uma investigação conduzida pela Polícia Federal e do monitoramento do esquema criminoso pela Receita Federal, foi possível desvendar toda a cadeia de produção dos cigarros clandestinos na região de Divinópolis. Além disso, a operação permitiu a identificação de todos os membros da organização criminosa envolvida na fabricação fraudulenta de cigarros paraguaios.

As descobertas revelaram que a quadrilha, liderada por um empresário sediado em Barueri (SP), recrutava trabalhadores no Paraguai, transportando-os para fábricas clandestinas no Brasil, especificamente na região de MG. Uma vez aqui, esses trabalhadores eram submetidos a condições laborais equiparadas à escravidão, sofrendo restrições à liberdade, permanecendo confinados, sob constante vigilância, e privados de comunicação por períodos prolongados.

Escravos

Conforme informações da Polícia Federal (PF), as vítimas eram submetidas a um controle extremo, incluindo a apreensão de seus telefones, sendo impedidas de estabelecer qualquer forma de contato ou comunicação com o mundo exterior. Desse modo, desconheciam até mesmo o local exato onde estavam, uma vez que eram conduzidas às fábricas com os olhos vendados.

A distribuição dos cigarros falsificados ocorria por meio de caminhões, os quais ocultavam esses produtos atrás de cargas de calçados produzidos na região de Nova Serrana (MG).

Os indivíduos detidos enfrentarão acusações relacionadas a um ou mais dos crimes abaixo, acompanhados das respetivas penas máximas: organização criminosa – 8 anos, contrabando de cigarros – 5 anos, descaminho de maquinário – 4 anos, tráfico de pessoas – 8 anos, trabalho escravo – 8 anos, falsificação e uso de documento particular falso – 5 anos, crimes contra as relações de consumo – 5 anos e lavagem de dinheiro – 10 anos.

O nome "Illusio" faz referência à ilusão, pois os cigarros falsificados eram comercializados ao consumidor final como se fossem produtos contrabandeados, ou seja, originados do Paraguai.

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