Infertilidade masculina: obesidade e uso de anabolizantes podem deixar homens inférteis; médico tira dúvidas
Infertilidade masculina pode estar relacionada ao sistema endócrino; em alguns casos, situação é reversível
Ser pai é o sonho de muitos homens, mas um assunto pouco conversado pode, no mínimo, atrasar a concretização desse desejo: a infertilidade masculina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15% dos casais tentam, mas não conseguem engravidar, e, em 40% desses, é a saúde do homem que impede a gravidez. Os médicos alertam que, além de traumas e alterações genéticas, a obesidade e o uso de anabolizantes também podem tornar o homem infértil.
Para tirar dúvidas sobre o assunto, conversamos com o médico endocrinologista José Amorim, especialista em fertilidade no Hospital Universitário Onofre Lopes e na Clínica Gestar, ambos em Natal (RN).
Segundo o médico, as principais causas da infertilidade masculina são:
- obesidade,
- uso de drogas,
- anabolizantes,
- traumas locais e
- alterações genéticas
“A infertilidade masculina é caracterizada pela incapacidade do homem conseguir engravidar sua parceira devido a problemas relacionados a sua produção de espermatozoides”, explica o médico.
A infertilidade apresenta sintomas, doutor? A cor ou volume do sêmen podem indicar algo?
“Em alguns casos, o paciente é assintomático, só descobrirá a infertilidade caso esteja tentando engravidar a esposa. Em outras situações, principalmente se estiver associado a uma condição como hipogonadismo, pode existir queixas relacionadas a disfunção erétil, diminuição de libido, fadiga”, responde Amorim.
Quando devo investigar se sou infértil?
“Se a parceira tiver menos de 35 anos, o casal pode tentar até 1 ano. Caso tenha mais de 35 e menos de 40, o prazo cai pra 6 meses. Se tiver acima de 40, a investigação deve ser imediata”, alerta José Amorim, acrescentando que o espermograma é o exame fundamental para diagnosticar a infertilidade.
Em caso de doenças que afetam a fertilidade, como a obesidade, o homem que deseje ser pai no futuro também pode fazer uma avaliação prévia, mesmo antes de começar a tentar engravidar uma parceira, segundo o especialista.
Como é o tratamento? Há cura?
“Existem várias medicações que podemos utilizar para tratamento da infertilidade, algumas de baixo custo, outras de custo mais elevado. O sucesso do tratamento vai depender da causa do problema. Muitas vezes se consegue restabelecer a produção normal de espermatozóides”, explica.
Além do endocrinologista, o urologista também é outro médico que pode ser consultado sobre infertilidade masculina. “Hoje entendemos que a abordagem da infertilidade masculina é multidisciplinar, portanto, é interessante ambas as avaliações”, comenta Amorim.
Distúrbios hormonais
Distúrbios hormonais podem estar ligados à infertilidade masculina. “O principal distúrbio hormonal relacionado à infertilidade masculina é a deficiência de testosterona, que pode levar tanto a uma diminuição da quantidade de espermatozoide como em sua qualidade também. Outros problemas hormonais como o hipotireoidismo descompensado também influenciam”, comenta o médico.
“Em situações em que temos associado deficiência de testosterona com infertilidade, optamos inicialmente por medicações que estimulem concomitantemente a produção de testosterona e espermatozoides. Nesses casos, reposição hormonal com testosterona exógena pode ser deletéria [negativa] para a produção de espermatozoides. No caso do hipotireoidismo, seria a reposição do hormônio tireoidiano”, explica o médico.
O que pode provocar diminuição na produção de testosterona e espermatozoides?
“Ambas às condições de diminuição de testosterona e espermatozoides podem ser afetadas por doenças crônicas como diabetes, obesidade, hipogonadismo relacionado a uso de anabolizantes, tabagismo, álcool em excesso e condições genéticas”, explica o endocrinologista.
Quais práticas no dia a dia podem contribuir para um melhor produção de testosterona e espermatozóides?
O médico salienta a importância de alguns comportamentos para melhora da produção de testosterona e espermatozoides, como:
- atividade física regular (“recomendamos a prática de atividade física regular, de 4 a 5 vezes por semana, misturando aeróbico e musculação”, detalha o médico),
- dieta balanceada (com vegetais e legumes, moderando o consumo de frituras, gorduras e processados),
- controle do peso,
- sono adequado,
- evitar tabagismo e
- moderar o consumo de álcool.
A reportagem foi feita após consulta com o médico endocrinologista José Amorim (CRM-RN: 5677 | RQE 3472)