Saúde

Triglicerídeos altos podem levar ao infarto e AVC; médico orienta como controlar taxa

Independentemente da idade, triglicerídeos não devem ultrapassar limite de 150 mg/dL; dieta balanceada pode ajudar a reverter problema

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Cadastrado por

Gabriel dos Santos

Publicado em 15/12/2023 às 10:56 | Atualizado em 15/12/2023 às 10:59
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Triglicerídeos são frequentemente medidos em exames de sangue solicitados pelos médicos, mas nem todo mundo sabe a importância de manter essa taxa controlada.

De acordo com o médico Arthur Inojosa, da Unidade Pernambucana de Atenção Especializada Cícero Dias (UPAE Escada), o descontrole nos níveis de triglicerídeos pode acarretar vários problemas.

"Os triglicerídeos são moléculas formadas por três ácidos gastros e a molécula de glicerol. É a principal fonte de lipídeo do nosso organismo, que a gente conhece popularmente como gordura. É extremamente importante monitorar os níveis de triglicerídeos porque níveis altos estão associados às doenças cardiovasculares, como AVC, infarto e também placa aterosclerose", explica o médico, alertando que os níveis ideais de triglicerídeos devem ser menores do que 150 mg/dL.

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Médico Arthur Inojosa - Divulgação

"As principais causas de triglicerídeo elevado são: uma dieta rica em colesterol e em gorduras, ou seja, alimentos industrializados, frituras, alimentos condimentados. A obesidade como doença crônica também leva aos níveis elevados de triglicerídeos, além algumas doenças crônicas, como diabetes", afirma Inojosa, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Quais os riscos associados à manutenção dos triglicerídeos altos?

"Quando existem níveis elevados de triglicerídeo, o principal problema são as doenças cardiovasculares - infarto, AVC, doença arterial obstrutiva periférica, que o paciente pode apresentar placas aterosclerose nas pernas e isso pode levar à dificuldade de andar e causar dores. Não só isso, os níveis elevados, principalmente quando acima de 500 a 1 mil, podem estar associados à pancreatite aguda, que é uma inflamação no pâncreas e isso pode causar vômitos, dor na barriga e complicações mais graves como a destruição do órgão", esclarece o endocrinologista.

Como os triglicerídeos estão relacionados à saúde cardiovascular?

"O aumento do triglicerídeo, ou seja, da gordura, está muito associado à saúde cardiovascular. De forma indireta, essa elevação contribui para a deposição e formação de placas de gordura e, consequentemente, ao entupimento de vasos. Eleva o risco de AVC, principalmente o isquêmico, que é justamente quando você tem a obstrução de uma artéria, e também infarto, que é quando há a obstrução de uma artéria do coração”, comenta o especialista.

“Além disso, a obstrução de artérias em outros lugares do corpo pode levar também a áreas de isquemia, que é a morte tecidual por ausência de irrigação sanguínea. Quanto maior o nível triglicerídeo, maior o risco cardiovascular. E esse risco aumenta muito, principalmente quando a taxa estiver acima de 150, pois o risco é duas a três vezes maior, principalmente se você tiver um componente genético associado", acrescenta.

“Doutor, se os triglicérides estiverem altos, vou sentir algum sintoma?”

"Usualmente, não existem sintomas associados aos triglicerídeos elevados. Geralmente, o paciente não sente nada e não apresenta nenhuma manifestação clínica. Aqueles pacientes que têm níveis de triglicerídeo muito altos acima de 500, 1 mil ou mais do que 1 mil podem apresentar algumas alterações na pele, que são, por exemplo, alguns caroços, chamados de xantomas”, responde Arthur Inojosa.

Como evitar a elevação dos triglicerídeos?

"A principal forma de evitar a elevação dos triglicerídeos é o controle dietético. Evitar alimentos ultraprocessados, ricos em gordura e frituras é a principal forma de evitar a sua elevação. A prática de atividade física também é um importante aliado para reduzir os níveis de triglicerídeos. Tudo isso, associado à redução do peso, pois ocorre a diminuição de tecido adiposo, tecido gorduroso. Entretanto, alguns pacientes que têm doenças genéticas, mesmo magros, podem apresentar níveis de triglicerídeo mais altos, mas esses são casos mais raros”, observa.

Qual o tratamento para reverter essa taxa?

"O tratamento envolve dieta e atividade física. O uso de medicações só é aprovado para pacientes que têm níveis extremamente elevados de triglicerídeos, maior do que 500 ou maior do que mil. Geralmente, o tratamento envolve a utilização de fibratos, que é o inibidor de um componente no tecido adiposo que vai levar à redução do triglicerídeo. Os fibratos mais conhecidos são ciprofibrato e o fenofibrato. Algumas outras medicações também podem ser utilizadas, como ácido nicotínico, mas esse é menos disponível. Há também algumas indicações para o uso do Ômega 3, mas ele geralmente só é indicado para pacientes com níveis muito altos, com alto risco de doença cardiovascular e que sejam diabéticos. Ou seja, ômega 3 só em últimas situações. Pacientes que têm níveis de triglicerídeo em torno de 150 e 200 precisam fazer dieta e atividade física, não é necessário fazer tratamento medicamentoso”, diz o médico.

Reportagem feita após consulta ao médico Arthur Inojosa (CRM 25746 - Endocrinologista RQE 13779). Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e médico endocrinologista na Unidade Pernambucana de Atenção Especializada Cícero Dias (UPAE Escada).

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