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ELEIÇÕES EL SALVADOR: Bukele, presidente que promoveu encarceramento em massa, deve ser reeleito

Nayib Bukele está no poder desde 2019

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Suzyanne Freitas

Publicado em 04/02/2024 às 11:28
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Neste domingo (4), aproximadamente 5,4 milhões de eleitores em El Salvador têm a tarefa de escolher o presidente e 60 membros da Assembleia.

Nayib Bukele, o atual presidente que se afastou para concorrer à reeleição, surge como o favorito. Desde 2022, o país permanece em estado de exceção, renovado periodicamente. Mais de 70 mil pessoas foram detidas sob suspeita de pertencer a gangues.

Bukele inaugurou uma prisão de segurança máxima, onde mais de 100 detentos são mantidos em celas desprovidas de colchões. Seu método obteve sucesso, refletido em uma aprovação de cerca de 90%.

Se as pesquisas estiverem corretas, Bukele pode conquistar mais de 80% dos votos. A previsão mais recente de intenções de voto da Universidad Centroamericana José Simeón Cañas sugere o seguinte:

  • Novas Ideias (Bukele): 81,9%
  • FMLN (esquerda): 4,2%
  • Arena (direita tradicional) 3,4%
  • Nosso Tempo: 2,5%
  • Força Solidaria: 1,1%
  • Frente Patriótica Salvadorenha: 1%.

Parte desses partidos enfrenta a possibilidade de desaparecer, pois há uma cláusula que exige pelo menos 50 mil votos válidos nas eleições legislativas.

O partido de Bukele projeta conquistar 57 das 60 cadeiras disponíveis.

Bukele está no poder desde 2019, período em que tem criticado fortemente os dois partidos mais tradicionais, FMLN e Arena, acusando-os de corrupção. Dois ex-presidentes da Arena foram processados por lavagem de dinheiro e peculato, buscando refúgio na Nicarágua, onde receberam nacionalidade.

QUEM É BUKELE?

Nayib Bukele, o candidato favorito nas eleições deste domingo (4), tem origens como filho de um empresário palestino. Antes de ingressar na política, Bukele trabalhou em uma agência de publicidade de propriedade de sua família.

Na agência, ele gerenciava a conta de um partido político de esquerda que, em suas origens, era uma guerrilha: a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que na época estava no poder.

Bukele passou de profissional de marketing a político dentro da FMLN, concorrendo com sucesso para prefeito de uma pequena cidade, Nuevo Cuscatlan.

Durante seu mandato como prefeito de Nuevo Cuscatlan, Bukele conseguiu reduzir os índices de homicídios e destinava seu salário para bolsas de estudo. Foi nessa época que ele começou a utilizar as redes sociais como plataforma de promoção pessoal.

Em 2015, foi eleito prefeito de San Salvador, a capital do país, ganhando destaque por revitalizar o centro histórico e construir uma biblioteca.

Apesar de ser uma estrela em ascensão na política salvadorenha, Bukele entrou em conflito com a FMLN em 2017. O partido alegou que Bukele era um político divisivo, violando os estatutos da FMLN, resultando em sua expulsão.

Bukele mudou então para um partido de direita e, em sua campanha presidencial, prometeu resolver os problemas de violência em El Salvador. Ele foi eleito presidente em 2019.

BUKELE NO PODER DESDE 2019

Em junho de 2019, pouco após assumir o cargo, Nayib Bukele demitiu aproximadamente 400 funcionários públicos através do Twitter, alegando nepotismo ou ligações com a esquerda.

Uma semana depois, ele proclamou pelo Twitter ser o presidente mais "descolado" do mundo.

Em 2020, durante os debates parlamentares sobre um pacote de US$ 109 milhões para combater o crime, enviou policiais ao prédio do Parlamento. Bukele ocupou a cadeira do presidente da Câmara, declarando: "Acho que agora está claro quem está no controle". Ao sair, foi aclamado por uma multidão de apoiadores.

Críticas internacionais surgiram quase imediatamente, com a revista "The Economist" sugerindo que Bukele almejava ser o primeiro ditador millennial da América Latina.

Apesar das críticas, a população salvadorenha queria a aprovação do pacote anti-crime, e os deputados o aprovaram.

Durante seu mandato, Bukele tomou decisões polêmicas para um Estado democrático, incluindo:

  • Suspendeu as liberdades civis para combater gangues.
  • Passou a prender suspeitos em massa por serem suspeitos de pertencerem a gangues.
  • Apoiou as medidas da assembleia para demitir juízes e o procurador-geral.
  • Impôs o bitcoin como uma moeda legal.

Críticos argumentam que essas políticas podem não ser eficazes a longo prazo. O analista político mexicano Carlos Perez, por exemplo, alerta que o encarceramento em massa é "tão perigoso quanto atrativo para milhões". Ele enfatiza que um modelo baseado nesse princípio não é sustentável.

Apesar das controvérsias, a aprovação de Bukele entre os salvadorenhos é de quase 90%, levando-o a buscar um segundo mandato.

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