Escola de samba

Carnaval 2024: Enredo da Vai-Vai gera polêmica e repúdio dos delegados de SP

Sindicato denuncia representação negativa da Polícia durante desfile

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Beatriz Paixão

Publicado em 13/02/2024 às 11:06 | Atualizado em 13/02/2024 às 17:10
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O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu uma nota de repúdio na última segunda-feira (12) contra a escola de samba Vai-Vai.

Segundo o comunicado, o enredo apresentado no sábado (10) no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, tratou com desrespeito a figura dos agentes da lei. A nota menciona a ala "Sobrevivendo no Inferno" e destaca o uso de adereços que remetiam a um demônio, o que, segundo o sindicato, "demonizou a Polícia", causando "extrema indignação".

De acordo com o sindicato, o enredo do samba desrespeita as forças de segurança pública, tratando de forma vil e covarde profissionais dedicados que arriscam suas vidas e enfrentam condições adversas para proteger a sociedade e combater o crime, muitas vezes com recursos limitados.

"É lamentável que o Carnaval seja utilizado para transmitir uma mensagem que distorce totalmente os valores e humilha os agentes da lei", destaca o sindicato.

O Sindpesp declara não compactuar com essa manifestação e expressa solidariedade aos profissionais da segurança pública. "Esses verdadeiros heróis merecem homenagens, reconhecimento e, no mínimo, respeito por parte da agremiação", afirma.

Em resposta, a Vai-Vai afirmou que o enredo do Carnaval deste ano foi um manifesto e uma crítica à cultura em São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip-hop e seus elementos. O desfile também buscou homenagear artistas excluídos que nunca tiveram seu talento reconhecido.

Segundo a escola, foram feitos diversos recortes históricos ao longo do desfile, incluindo a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum "Sobrevivendo no Inferno" dos Racionais MCs em 1997. A Vai-Vai destaca que o álbum, que aborda temas como racismo, miséria e desigualdade social, foi um marco importante na história da música brasileira.

A escola enfatiza que a ala retratada no desfile fez uma homenagem justa ao álbum e aos Racionais MCs, sem a intenção de atacar ou provocar, mas sim de destacar um movimento.

A Vai-Vai ressalta que, na década de 1990, a segurança pública em São Paulo era uma questão crucial, com altos índices de mortalidade entre a população negra e periférica, e que os precursores do hip-hop no Brasil eram marginalizados e reprimidos.

Assim, a escola defende que inseriu o álbum e os eventos históricos no contexto em que ocorreram, dentro do enredo do desfile.

Fonte: CNN

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