Ato na Paulista

Fala de Bolsonaro na Paulista será usada em investigação sobre suposta tentativa de golpe

Discurso de Bolsonaro durante ato na Paulista neste domingo será usado como evidência em inquérito da PF, indicam agentes

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Cynara Maíra

Publicado em 26/02/2024 às 11:35
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A Polícia Federal considera utilizar o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o evento deste domingo (25) como parte das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Os investigadores argumentam que as declarações de Bolsonaro durante o ato na Avenida Paulista corroboram a ideia de que o ex-presidente tinha conhecimento sobre a minuta de golpe.

DISCURSO DE BOLSONARO EM ATO NA PAULISTA

Depois de Bolsonaro permanecer em silêncio durante seu depoimento à PF na última quinta-feira (22), agentes envolvidos na operação revelaram à coluna de Malu Gaspar, no Globo, a intenção de incluir no inquérito um trecho do discurso do ex-presidente no ato na Avenida Paulista neste domingo.

De acordo com os policiais, durante sua fala no evento pró-Bolsonaro, o ex-presidente admitiu ter conhecimento sobre uma minuta de golpe. O objetivo é transcrever essa parte do discurso para inseri-la no inquérito.

Durante o evento na Avenida Paulista, Bolsonaro afirmou: "Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição".

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Ele também declarou: "Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio".

Os policiais federais envolvidos nas investigações contra Bolsonaro destacam que, embora o ex-presidente tenha utilizado seu discurso para negar a tentativa de golpe, ele admitiu ter conhecimento da minuta.

O documento em questão foi encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em janeiro de 2023. Trata-se de um rascunho que propõe a instalação de um "Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral" com o objetivo de "garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022".

Esta minuta reflete o mesmo raciocínio apresentado por Bolsonaro durante a reunião ministerial de julho de 2022, na qual solicitou aos membros do Conselho de Transparência do TSE que pleiteassem o adiamento das eleições devido à alegada falta de lisura no sistema eleitoral.

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