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Doadores de órgãos podem registrar sua vontade em cartórios, de forma gratuita e digital

Novidade apresentada em abril tende a facilitar a doação; documento digital pode ser preenchido por meio de aplicativo ou site

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Marcelo Aprígio

Publicado em 15/04/2024 às 8:37 | Atualizado em 15/04/2024 às 8:38
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Apesar do Brasil liderar o ranking de transplantes de órgãos, cerca de 49% dos familiares recusaram a doação dos órgãos do parente falecido no último ano, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

Essa recusa é principalmente devido à desinformação e à falta de compreensão da morte encefálica, além de outros motivos. Mesmo que a pessoa tenha declarado ser doadora em vida, a decisão final cabe à família, o que pode, muitas vezes, complicar o processo.

No entanto, uma novidade apresentada pelo Conselho Nacional de Justiça em parceria com o Colégio Notarial do Brasil e o Ministério da Saúde pode mudar esse panorama.

CADASTRO DE DOADOR

Desde o início deste mês, qualquer pessoa pode agora realizar uma Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) nos mais de 8 mil cartórios do país.

O documento, totalmente eletrônico, deve ser preenchido para expressar o interesse em ser doador, permitindo que se escolha quais órgãos deseja doar.

A lista inclui coração, pulmão, pâncreas, intestino, rim, fígado, bem como tecidos como córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue do cordão umbilical.

Após o preenchimento, o cartório receberá o formulário e entrará em contato com a pessoa interessada por meio de uma videoconferência, para identificação e registro do interesse.

Assim, o representante do cartório e a pessoa interessada assinarão a AEDO, tornando a escolha legalmente válida. Com este documento, os profissionais de saúde poderão comprovar à família o desejo do falecido.

O documento pode ser preenchido no site da AEDO ou através do aplicativo e-notariado, disponível para download nas lojas de aplicativos.

Quanto à situação da fila de transplantes no país, atualmente mais de 42 mil pessoas aguardam por um órgão, segundo o Ministério da Saúde.

O rim é o órgão mais solicitado, com 39.502 pedidos, seguido pelo fígado (2.316) e coração (400). Estes números incluem também 382 pessoas que aguardam por pâncreas e rim, 170 por pulmão, 35 que necessitam apenas de pâncreas e sete que aguardam um transplante multivisceral. A maioria dos que aguardam são homens, cerca de 25 mil.

Até abril de 2024, mais de 2.300 transplantes foram realizados. Em 2023, o número total de cirurgias foi de 9.248.

Quanto à doação de tecidos, a espera por córneas lidera a lista, com 27.892 solicitações. Em 2023, mais de 16 mil cirurgias desse tipo foram realizadas. O transplante de medula também possui uma fila significativa, com 650 pessoas, segundo o Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Ao contrário da doação de órgãos, para se tornar um doador de medula óssea basta ter entre 18 e 35 anos e procurar o Hemocentro mais próximo. Após o cadastro no Redome, uma pequena amostra de sangue, cerca de 10 mL, é coletada para o exame de tipagem HLA.

O cadastro para doar medula não garante que a pessoa será chamada, pois encontrar um doador compatível é raro, podendo chegar a uma em cem mil pessoas.

No entanto, casos de sucesso ocorrem, como o de Fabiana Justus, que após ser diagnosticada com leucemia, encontrou um doador compatível. Recentemente, ela compartilhou com seus seguidores que o transplante foi bem-sucedido. Por isso, o cadastro é importante.

Se compatível, o doador é convidado a realizar a doação, que ocorre em um centro cirúrgico.

Ao visitar o Hemocentro para o cadastro, considere também doar sangue. Durante o inverno, os estoques diminuem devido à menor disponibilidade de doadores, mas a necessidade de sangue continua.

A doação de órgãos pode salvar até oito vidas, enquanto a doação de sangue pode salvar até quatro. Além disso, o cadastro para doação de medula óssea pode oferecer uma rara chance de recomeço.

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