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‘’Pode ter perdido legitimidade para a população’’, diz integrante da OAB sobre atitude de delegado do caso Miguel

O depoimento antes do expediente da delegacia pode levantar suspeitas de privilégios para Sarí Corte Real 

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 29/06/2020 às 19:58
Yaci Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Yaci Ribeiro/ JC Imagem

A atitude do delegado Ramon Teixeira, responsável pela investigação de morte de Miguel Otávio Santana da Silva, em abrir a delegacia antes do expediente para o depoimento de Sarí Corte Real nesta segunda-feira (29), causou revolta, e muitas pessoas foram até a delegacia de Santo Amaro, na área central do Recife, onde houve tumulto na saída da ex-patroa de Mirtes, a mãe do menino de 5 anos.

Em entrevista ao programa O Povo na TV, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dr. Cláudio Ferreira, avaliou que o inquérito feito pelo delegado pode ter pedido a credibilidade da população.

>>Polêmica, tumulto e espera da mãe de Miguel: tudo o que aconteceu durante depoimento de Sarí no Recife

‘’Nós (OAB) temos a preocupação em relação a esse ato pela atitude pouco usual do delegado em abrir a delegacia antes do expediente em um horário que não é normal ouvir os investigados. Quando você tem esse tipo de atitude, vem logo à baila a possibilidade de privilégios para a investigada. A população quando vê privilégios conclui que estamos em um inquérito viciado’’, afirmou.

Suspeita de privilégio

Ainda de acordo com o Dr. Cláudio Ferreira, além de poder levantar na população a suspeita de privilégio no ‘Caso Miguel’ para Sarí Corte Real, a atitude do delegado pode atrapalhar a conclusão do inquérito, no qual o prazo se encerrar no dia 01 de julho, mas pode ser prorrogado se o delegado solicitar, e que o depoimento deveria ter sido feito em outro horário para evitar dúvidas sobre a investigação.

‘’O inquérito estava transcorrendo normalmente, a OAB estava tendo acesso a todos os documentos, o delegado estava fazendo todas as diligências necessárias, e esse ato de agir de forma não usual eu acho que ele pode ter prejudicado a conclusão do inquérito. Pode ter perdido legitimidade para a população. Esse inquérito, pela comoção que teve, tinha que ser feito a luz do dia com os critérios mais republicanos possíveis para que não restasse qualquer dúvida de que ele foi feito no sentido de buscar justiça’’, completou.

Tumulto na saída de Sarí da delegacia

Com a grande quantidade de pessoas no local, a Polícia Civil montou um esquema de segurança e um corredor foi formado para evitar a aproximação de Sarí. Houve tumulto e muita confusão, principalmente na saída da ex-patroa da mãe de Miguel da delegacia. A viatura em que ela estava foi atingida por socos e pontapés.

Uma das tias de Miguel chegou a desmaiar e foi levada pela polícia para a policlínica Agamenon Magalhães, no bairro de Afogados, na Zona Leste do Recife. De acordo com o boletim médico, ela sofreu um estresse emocional, foi medicada e liberada.

Relembre o caso

O menino Miguel Otávio Santana da Silva caiu do 9º andar do condomínio Píer Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, no bairro de Santo Antônio, na área central do Recife.Ele era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB).

Sarí foi presa indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil. O fato aconteceu no dia 2 de junho, quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.

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