Saúde

Doença de Chagas: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevenção

De acordo com médica, apenas 1% das pessoas sabe que tem a Doença de Chagas. Tire suas dúvidas sobre a doença

TV Jornal / Ministério da Saúde
TV Jornal / Ministério da Saúde
Publicado em 04/07/2019 às 15:35
Fiocruz/Divulgação
FOTO: Fiocruz/Divulgação

A casa de Chagas, localizada em Santo Amaro, na área central Recife, atende por dia 60 portadores da Doença de Chagas. De acordo com a médica do ambulatório, que pertence ao Procape, Cristina Carrazzone, não houve aumento no número de casos desde o surto, mas apenas 1% das pessoas sabe que tem a doença de Chagas. As 77 pessoas, incluindo 69 adultos e 8 crianças, que estavam em um retiro no município de Ibimirim, em abril deste ano, tiveram contato com a doença, foram tratadas e acompanhadas pela Casa de Chagas.

>> Novos casos da doença de Chagas são identificados no Sertão de Pernambuco.

O que é a Doença de Chagas?

De acordo com o Ministério da Saúde, a Doença de Chagas ou Tripanossomíase americana é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A enfermidade apresenta uma fase aguda que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.

Como a doença de chagas é transmitida?

A Doença de Chagas, conforme a pasta, é transmitida principalmente pelas seguintes formas:

  • Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo).
  • Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados.
  • Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto.
  • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios.
  • Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.

O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo que demora para os sintomas começarem a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte forma:

  • Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.
  • Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou mais.
  • Transmissão oral – de 3 a 22 dias.
  • Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.

Quais são os sintomas da Doença de Chagas?

De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da Doença de Chagas são diferentes em cada fase. Na fase aguda, o paciente pode apresentar sinais moderados ou até não sentir nada.

Na fase aguda, os principais sintomas são:

  • febre prolongada (mais de 7 dias);
  • dor de cabeça;
  • fraqueza intensa;
  • inchaço no rosto e pernas.

Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, porém algumas pessoas podem apresentar:

  • problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
  • problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago.

Como é realizado o diagnóstico da Doença de Chagas?

Segundo o Ministério da Saúde, a Doença de Chagas, na fase aguda, é diagnosticada com base na presença de febre prolongada (mais de 7 dias), além de outros sintomas sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas, bem como na presença de fatores epidemiológicos compatíveis, como a ocorrência de surtos.

Enquanto isso, na fase crônica, a suspeita é baseada nos achados clínicos e na história epidemiológica. No entanto, ressalta-se que parte dos casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados os seguintes contextos de risco e vulnerabilidade:

  • Ter residido, ou residir, em área com relato de presença de vetor transmissor (barbeiro) da doença de Chagas ou ainda com reservatórios animais (silvestres ou domésticos) com registro de infecção por T. cruzi;
  • Ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o convívio com vetor transmissor (principalmente casas de estuque, taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de construção que permitam a colonização por triatomíneos);
  • Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença no passado;
  • Ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes antes de 1992;
  • Ter familiares ou pessoas do convívio habitual ou rede social que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial ser filho (a) de mãe com infecção comprovada por T. cruzi.

CONFIRMAÇÃO - A confirmação laboratorial da Doença de Chagas é realizada através de um exame de sangue (parasitológico e/ou sorológico, a depender da fase da doença) que é feito de forma gratuita pelo SUS. O Ministério da Saúde destaca que é importante o paciente procurar um médico para que ele possa solicitar os exames e interpretá-los adequadamente, além de avaliar caso a caso os sintomas e sinais clínicos de cada pessoa.

Como é feito o tratamento da Doença de Chagas?

Após a confirmação da doença, um médico deve indicar o tratamento da doença de chagas. Os dois remédios que costumam ser indicados para o tratamento da doença, benznidazol e nifurtimox , são fornecidos pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde. A indicação dos medicamentos depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.

O Ministério da Saúde alerta ainda que, independente da indicação do tratamento, os pacientes que apresentem sintomas cardíacos e/ou digestivos devem ser acompanhados e receberem o tratamento adequado para as complicações existentes.

Como prevenir a Doença de Chagas?

O Ministério da Saúde desta que uma das formas de controle da Doença de Chagas é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, através da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada. O indicado pelo Ministério é que, em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Além disso, recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.

Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio:

  • Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto;
  • Proteger a mão com luva ou saco plástico;
  • Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos;
  • Amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separadamente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data e nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço.

Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção são:

  • Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos.
  • Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz.
  • Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação.
  • Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a pasteurização e a liofilização.

Aplicativos

As instituições de pesquisa vêm investindo em aplicativos gratuitos para a identificação de triatomíneos.

A Fiocruz - Minas Gerais desenvolveu um aplicativo gratuito para identificação de triatomíneos, Triatokey, no qual o usuário responde perguntas sobre características visíveis do inseto a ser identificado. Acontece um processo de eliminação, por meio das perguntas, que estreita as possibilidades chegando-se ao gênero do animal e a um pequeno número de espécies dentro daquele gênero, sendo de grande utilidade nas atividades de vigilância. Acesse o aplicativo clicando aqui.

A Universidade de Brasília desenvolveu o aplicativo Triatodex, que também tem por objetivo a identificação de triatomíneos até nível de espécie. Ainda, contém informações sobre distribuição geográfica, tamanho, habitats e importância médica das espécies encontradas. O aplicativo pode ser acessado clicando aqui.

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