Crime

Falso médico usa dados de pacientes para aplicar golpes em Olinda

TV Jornal/ Com informações do NE10
TV Jornal/ Com informações do NE10
Publicado em 06/02/2017 às 14:00

-Reprodução/TV Jornal

Familiares de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Esperança em Olinda, no Grande Recife, denunciam que foram alvo de um golpe. Eles recebem ligações de uma pessoa que se identifica como Paulo Pacheco e dizia ser diretor médico da unidade. No telefone, ele diz que a família precisa pagar por procedimentos urgentes que não estão sendo cobertos pelos planos de saúde e que, se não fossem feitos, poderiam causar até a morte do paciente. O crime aconteceu nessa sexta-feira (3).

Uma das pessoas que recebeu a ligação do golpista foi o funcionário público Eduardo Vicente, 51 anos, que está com a mãe internada desde a noite da quinta-feira (2). Na ligação, que aconteceu no início da tarde, o suposto diretor médico informava que o plano de saúde da paciente não estava autorizando os procedimentos e que a família deveria depositar R$ 6,2 mil para realização de tomografias.

"Ele me ligou dizendo que minha mãe precisava desses exames com urgência e que o plano iria demorar cerca de 10 dias para liberar e ela não poderia esperar. Liguei para o plano de saúde e me disseram que não havia qualquer solicitação desses procedimentos e que tudo que tinha sido pedido pelo hospital foi autorizado", contou Eduardo Vicente.

Ele disse ainda que antes de fazer o depósito foi ao hospital para saber sobre o quadro de saúde da mãe e ao chegar se deparou com um alvoroço de pessoas contando que haviam recebido ligações semelhantes. "Só descobri que era golpe quando cheguei no hospital. Até então eu estava acreditando. Agora, quando você para pra pensar, percebe que a linguagem do tal Paulo Pacheco é muito íntima, pouco profissional, algo que não é comum dos médicos", relembrou.

Para Eduardo, o golpista chegou a fornecer os dados de uma conta bancária. Ele fez uma simulação de depósito e descobriu que a conta é proveniente de Rondonnópolis (MG). Quem também recebeu a ligação cobrando R$ 6,2 mil para exames do pai que está internado desde o dia 31 de janeiro foi a irmã de uma psicóloga que preferiu não ter sua identidade divulgada. Embora no dia da internação tenham fornecido os dados pessoais da psicóloga, o golpista entrou em contato com sua irmã que só informou o número de seu telefone posteriormente alegando que a profissional ficaria nervosa ao receber notícias do pai.

"Não consigo entender como ligaram para ela se o número que está no registro do meu pai é o meu. O incrível é que o tal Paulo Pacheco sabe até o que minha irmã disse na hora que colocou o telefone na lista de contatos do meu pai. No momento da ligação pedindo o dinheiro ela pediu que ele [golpista] entrasse me procurasse no hospital porque eu estava lá. Ele desconversou e usou como justificativa a história de que eu era muito nervosa", detalhou a psicóloga.

Ela ainda se mostrou surpresa com a quantidade de informações que o golpista tem sobre os pacientes internados na UTI. "Ele disse que meu pai estava com uma hemorragia no pâncreas e que estava entrado em sepse. Meu pai está internado por causa de um problema no pâncreas. É incrível como eles têm até esses detalhes", comentou. O crime só foi descoberto pela família, quando a irmã ligou para o hospital procurando pelo tal médico e foi informada que se tratava de um golpe.

Segundo Eduardo Vicente e a psicóloga, pelo menos outras seis famílias teriam recebido a mesma ligação do golpe. Uma delas foi uma pessoa identificada apenas como Mariza de Almeida que teria chegado a fazer um depósito de mais de R$ 4 mil.

As vítimas prestaram queixa pela internet e não sabem como os dados dos pacientes e seus familiares foram descobertos. Alguns sugerem que o sistema do hospital tenha sido rackeado, outros suspeitam de que funcionários da rede possam estar envolvidos no crime.

A Delegacia de Repressão ao Estelionato vai investigar o caso. Em nota, o Hospital Esperança informou que está à disposição da polícia para ajudar nas investigações. A unidade de saúde esclareceu ainda que não telefona solicitando qualquer tipo de pagamento e que esse alerta é passado por escrito e verbalmente no momento da internação dos pacientes.

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