MARACATU

Após polêmica, Maracatus tomam conta do Recife Antigo

TV Jornal / JC Online
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Publicado em 09/02/2018 às 16:55

-Foto: Léo Motta/ JC Imagem

Às 18h dessa quinta-feira (8), as atenções se voltaram para o Bairro do Recife, onde aconteceu a primeira edição do Tumaraca – Encontro de Nações. O evento é uma forma de encaixar os maracatus na programação recifense, já que eles foram retirados da abertura oficial do Carnaval de 2018, após 15 anos iniciando a folia na capital.

Embora a entidade tenha divulgado nota, no dia 8, na qual afirma que a mudança “foi construída em consenso com a Secretaria de Cultura e de comum acordo entre as nações”, o presidente da associação, Fábio Sotero, disse que 13 nações são contra o desfile na quinta. Além disso, sua opinião é de que os maracatus não deveriam ter aceitado sair da programação de abertura.

“Eles (a prefeitura) queriam que a gente ficasse com o sábado, depois do Galo. Batemos o pé e dissemos não. Vamos ver como vai ser o evento de hoje, se teremos as garantias que a prefeitura deu. Espero que seja bom, porque os maracatus estão se esforçando”, afirmou. As garantias as quais Fábio se refere são: cortejo sem pressa, boa estrutura de som e palco para receber os convidados (Zé Brown, Isaar, Bongar), cobertura da imprensa e pagamento do cachê.

“Teve agremiação que recebeu o cachê do Carnaval de 2017 em setembro, outras, em outubro. As atrações nacionais não sobem ao palco com menos de 50% do cachê e querem o restante logo após a festa. Mas para quem é da terra, sempre há atraso.” Cada maracatu ganha R$ 15 mil de incentivo da prefeitura para realizar cinco eventos (quatro ensaios e o desfile oficial).

Fábio Sotero também reclamou da redução de grupos, segundo ele, imposta pela prefeitura. “Eram 16 até o ano passado. Agora, são 13. Esse desejo de nos tirar do Marco Zero não é de hoje. Existe desde o início dessa gestão. Vamos testar o formato da quinta-feira, não quer dizer que em 2019 repetiremos.”

Presidente do Maracatu Baque Forte, que tem integrantes dos bairros de Tejipió, Coqueiral e Ibura, no Recife, e Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, Jamesson Florentino lamenta a redução do número de grupos. O Baque Forte é um dos mais recentes, fundado em 2011, por isso não está entre as 13 nações do Tumaraca. “Se houvesse aumentado a quantidade, teríamos uma chance. Mas foi o contrário. Naná Vasconcelos dizia que o encontro de maracatus na abertura do Carnaval era único no mundo. Sou contra a mudança porque concordo com Naná.”

Negociações

Já a presidente do Maracatu Encanto do Pina, Joana D'arc, única mestra de nação em Pernambuco, acredita no novo formato. “Quem reclama é porque não esteve nas negociações. Acho que vai ser melhor porque não vamos dividir a noite com outras atrações, diferentemente da abertura. Será um momento só para nós”, comentou.

Em nota, a prefeitura afirmou que partiu das próprias nações a sugestão de se apresentarem no dia 8 de fevereiro. Sobre a quantidade de grupos que desfilam, a gestão disse que a redução é anterior a 2013, quando ficou decidido que só participariam agremiações do Grupo Especial, porque ensaiam o ano todo e estão mais preparadas para eventos oficiais.

A prefeitura ainda disse que a intenção é assegurar maior protagonismo aos grupos. A respeito dos cachês, o Executivo municipal informou que para este Carnaval, serão distribuídos R$ 2,9 milhões às agremiações. A primeira parcela foi paga em dezembro de 2017. A segunda, após o Carnaval.

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