Investigação

Irmão de Eduardo Campos aponta possível sabotagem de voo

TV Jornal
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Publicado em 03/04/2018 às 14:15

-Reprodução/TV Jornal

O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), anunciou que foi à Polícia Federal e à Justiça Federal em Santos (SP) pedir investigação sobre uma possibilidade de “sabotagem” no avião usado pelo candidato à presidente da República em 2014. Eduardo Campos morreu na queda da aeronave em Santos, no litoral de São Paulo, em acidente que vitimou mais seis pessoas.

Nesta terça-feira (3), Antônio pretende levar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Ministério da Justiça. Ele informou que foi procurado por peritos que acompanham o caso e que eles apontaram a possibilidade de “sabotagem” que antes, de acordo com o próprio advogado, ele “resistia a admitir”. Com base nisso, o irmão de Eduardo Campos entrou com um requerimento para dar conhecimento às autoridades do que considera ser “fortes indícios” e pedir “rigorosa apuração” do inquérito aberto para investigar a queda do avião.

Além do encaminhamento ao delegado Rubens Maleiner, Campos vai dar conhecimento do requerimento ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, pedindo que seja reaberto o caso no Cenipa; à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, requerendo a designação de um procurador especial para a investigação; ao Ministério Público de São Paulo e ao juiz responsável pela ação de produção de provas do caso.

Em petição enviada à Polícia Federal, o advogado traz à tona um elemento que, para ele, pode “mudar o curso da investigação” e “transformar o acidente em homicídio culposo ou doloso”, segundo o documento enviado ao delegado responsável pelo caso, Rubens José Maleiner.

Esse elemento seria a informação de que o sensor de velocidade (speed sensor) da aeronave não estaria em funcionamento durante o voo, segundo a petição de Campos.

“O speed sensor da aeronave à toda evidência foi desligado, intencional ou não, sendo essa última hipótese de não intencional improvável, o que caracteriza que o avião foi preparado para cair, o que caracteriza sabotagem e homicídio culposo ou doloso. Tal fato é grave e relevante na investigação da causa do acidente, podendo mudar o curso da investigação”, diz o documento.

“Armadilha”

A petição aponta ainda que o não funcionamento do sensor teria pego os pilotos de “surpresa” em um momento de nova tentativa de pouso no aeroporto de Guarujá, em São Paulo, após a primeira não ter sucesso.

“Sem o speed sensor, o avião não poderia jamais voar a 200 knots com flaps ainda por recolher ou em recolhimento. Acontecendo o acima descrito, a “armadilha” pegou de surpresa os pilotos no momento em que reiniciavam subida após aproximação perdida, sobrevoo da pista e curva à esquerda para retornar ao ponto de início de um novo procedimento de aproximação”, registra o requerimento, que informa que o comandante e o copiloto se “agarraram” aos manches – os controles da aeronave – “na tentativa de recuperar o avião do mergulho” em direção ao solo.

“Voando baixo como estavam, apanhados de surpresa com a PR-AFA (nome da aeronave) mergulhando, sequer tiveram tempo de reduzir imediatamente os dois potentes motores. O acidente tornou-se inevitável. Na hipótese de um acidente encomendado, essa armadilha é algo inteiramente possível para o caso”, diz a petição.

Cenipa

O advogado ainda acusa o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) de “esconder dados” que forneceriam a informação de que os pilotos perderam o controle da aeronave durante o novo procedimento de aproximação do aeroporto de Guarujá.

“A negativa imperativa do Cenipa em fornecer os dados de voo colhidos pelos motores, através do Data Collection Unit, demonstra que o órgão pretendeu (e conseguiu) esconder dados que esclareceriam que os pilotos perderam, literalmente, o controle do PR-AFA”, diz o documento.

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