MPPE

Promotor avalia que dinheiro da navegabilidade foi desperdiçado

TV Jornal
TV Jornal
Publicado em 30/11/2018 às 16:05

O promotor Ricardo Coelho, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), concedeu entrevista ao Por Dentro com Cardinot desta sexta-feira (30)-Foto: Reprodução / TV Jornal

O promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Ricardo Coelho, concedeu entrevista ao Por Dentro com Cardinot desta sexta-feira (30) e disse acreditar que o dinheiro público já gasto nas obras de navegabilidade do Rio Capibaribe foi desperdiçado. O argumento do promotor baseia-se no fato de que os milhões investidos na primeira dragagem prevista no projeto não foram aproveitados, já que a obra sequer saiu do papel.

"Todo esse dinheiro público foi desperdiçado. Foi perdido. Talvez por questões políticas, Brasília deixou de enviar verbas para Pernambuco... Na minha óptica, caracteriza até um ato de improbidade; Mas não há como resgatar a dragagem do rio, que havia sido feita; as obras, na margem do rio, que haviam sido iniciadas, para a construção das estações fluviais", disse o promotor.

Ricardo Coelho disse também que cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) fiscalizar se realmente houve o desperdício das verbas, uma vez que elas eram de origem federal.

Confira a entrevista:

Relembre o caso

O projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe está com as obras paradas há anos. Anunciado em 2012, o projeto "Rios da Gente" tinha como objetivo ligar a Zona Oeste do Recife ao Centro da cidade através das águas do rio. No entanto, seis anos depois e com alguns milhões gastos, a obra não saiu do papel.

Nessa quinta-feira (29), a equipe de reportagem da TV Jornal esteve no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, e mostrou que os equipamentos que seriam usados para fazer a dragagem do Rio Capibaribe estão parados, enferrujando e sendo alvo do vandalismo.

Especialista

O professor Stênio Cuentro, especialista em engenharia de tráfego, analisa que o projeto de navegabilidade nas águas do Recife é muito caro. De acordo com ele, quando estiver completamente implementado, o sistema terá capacidade de transportar cerca de 25 mil passageiros por dia. "Isso significa, basicamente, uma linha de ônibus normal", avalia o especialista. "Do ponto de vista da eficácia do sistema de transporte público, ela é muito baixa. O custo, o investimento... é muito alto. ", completa o professor.

Ainda de acordo com o especialista, o custo de manutenção do sistema também gera muitos gastos para deixá-lo em funcionamento: "O custo de manutenção da calha do rio também é muito caro. O rio recebe areia, recebe dejetos o ano todo. Então, basicamente todo ano teria que se fazer uma nova dragagem para garantir que essa hidrovia funcionasse bem".

Confira a entrevista:

Projeto Rios da Gente

Iniciadas em 2012, as obras do "Projeto Rios da Gente" prometiam a navegabilidade das águas que cortam a capital pernambucana. Os serviços até foram iniciadas, chegando a ser gastos cerca R$ 55 milhões. No entanto, seis anos depois, nada está terminado.

+VÍDEOS