ENTREVISTA

Secretário de Defesa Social de Pernambuco comenta ação violenta da PM em protesto no Recife

O secretário Defesa Social do Estado, Antonio de Pádua, comentou a ação violenta da PM no último sábado (29), no Recife

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 03/06/2021 às 14:35 | Atualizado em 28/11/2022 às 17:00
Diego Nigro/JC Imagem
FOTO: Diego Nigro/JC Imagem

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antonio de Pádua, falou em entrevista ao programa Por Dentro, da TV Jornal, nesta quinta-feira (3).

Ele comentou sobre a força fora do comum utilizada pelos policiais militares, resultando em pessoas feridas com tiros de bala de borracha, no ato contra o presidente Jair Bolsonaro no último sábado (29).

Ao iniciar a entrevista, Pádua se solidarizou com as vítimas e seus familiares. "Antes de tudo, eu quero me solidarizar com as pessoas, as vítimas, Daniel e Jonas, gravemente feridas, nesse evento. Nós repudiamos qualquer tipo de violência", disse.

Segundo o secretário, a missão é encontrar e finalizar todas as investigações e procedimentos instaurados para dar essa resposta completa à sociedade. Ao todo, segundo Pádua, oito policiais já estão afastados de suas funções.

Antonio informou durante a entrevista que já foi identificado quem atirou contra o arrumador de contêiner Jonas Correia de França, de 29 anos, na ponte Princesa Isabel.

Ainda segundo o secretário, o policial já foi afastado e iniciado o processo disciplinar. O militar identificado é do Batalhão de Choque e deve ser afastado ainda hoje das ruas.

"Temos seis procedimentos disciplinares instaurados, até então, na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social, temos um inquérito policial instaurado na Polícia Civil para investigar as lesões corporais contra as vítimas, tais como Jonas, Daniel e mais quatro vítimas que já apareceram da delegacia para prestar esclarecimentos", disse.

"Nós temos um inquérito policial militar, que também está sendo instaurado e processado, além de um estudo de casos que a gente precisa entender se os protocolos da polícia precisam ser modificados. Tento em vista, essas decisões que foram tomadas em campo", relatou Pádua.

Hipóteses sobre a passeata

A Secretaria de Defesa está trabalhando com várias hipóteses sobre a passeata. Já se sabe por exemplo que, inicialmente, o Batalhão de Choque foi posicionado ao lado de uma estação de BRT da Avenida Guararapes, no Centro do Recife.

“Também existem imagens daquele ponto para descobrir o que aconteceu. As imagens estão em análise e mostram alguns manifestantes sendo detidos por desacato e um grupo que teria tentado evitar as prisões", disseram as fontes. 

"Em seguida a tropa avançou para a ponte (Duarte Coelho). Foi quando começou o confronto”.

Ordem direta

Durante a entrevista, o secretário não relatou de quem partiu a ordem direta para a ação do Batalhão de Choque e de outras unidades, como Rádio Patrulha e 13º Batalhão.

Integrantes das duas unidades tiveram imagens registradas no momento em que disparavam balas de borracha e bombas de efeito moral contra integrantes da passeata.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disse nessa quarta-feira (2) falou sobre o papel da PM no estado.

“A Polícia Militar vai continuar cumprindo o seu papel, protegendo o cidadão e atuando firmemente contra a criminalidade, mas, acima de tudo, respeitando as ações democráticas”, disse Câmara.

"Lamentamos muito"

Ao ouvir o relato da família de Daniel, uma das vítimas feridas no ato, durante a entrevista, o secretário relatou que as cenas são injustificáveis e lamentou toda situação causada.

"Dona Inês, nós lamentamos muito e eu, quero me solidarizar com seu irmão Daniel. As cenas que nós assistimos sábado são injustificáveis, nós repudiamos qualquer tipo de violência", comentou.

"A Polícia Militar ela trabalha para proteger o cidadão e nós que podemos garantir, nesse momento, é que nós estamos fazendo as investigações necessárias, possíveis, com maior transparência para que a gente possa dar essa resposta a senhora e a Daniel do que realmente aconteceu e quem foi o responsável, todo os responsáveis, por essa agressão", falou.

 

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