Os médicos residentes do Hospital Getulio Vargas, que funciona no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, entraram em greve nesta terça-feira (18) por falta de condições de trabalho. Segundo eles, o prédio apresenta diversos problemas estruturais e as cirurgias estão sendo canceladas por falta de material e antibióticos para os pacientes. Eles alegam, inclusive, que foi registrado até um princípio de incêndio no Centro de Material e Esterilização (CME).
“Diariamente, nós vemos a falta de material de suporte básico para a população e isso prejudica o nosso atendimento e aprendizado”, explica a residente do hospital, Gabriela Calado. Segundo ela, entre os materiais que faltam estão antibióticos, fios de sutura para realizar cirurgias e material estéreo de limpeza.
“O que a gente está pedindo não é nada demais, nada de outro mundo. Estamos pedindo apenas condições de trabalho, para a gente não ter de ver nossos pacientes morrerem. Toda semana vemos alguém morrer aqui por falta de material básico para que eles sejam atendidos”, complementa outro médico residente.
Último caso
De acordo com um dos médicos residente, outro problema sério enfrentado é a péssima funcionalidade do elevador da unidade. Ele afirma que neste fim de semana, um paciente idoso teve uma complicação decorrente a uma parada cardíaca, foi reanimado e precisou de uma vaga na UTI. “O paciente ficou 24h em uma enfermaria sem a assistência adequada porque não tinha elevador para descê-lo do terceiro para o segundo andar”, explica. Segundo ele, a situação revolta e deixa todos de mãos atadas.
Protesto
Os profissionais realizaram o protesto em frente à unidade de saúde, o tempo de paralisação é indeterminado, mas eles esperam fazer nova assembleia na próxima sexta-feira (21). O diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Marcos Villander confirma os problemas. “Na ortopedia se chegou a duas cirurgias por semana, quando há em torno de cem leitos no setor. Faltam materiais clínicos e cirúrgicos. Na próxima sexta devemos ter uma posição do Estado”, afirma. Até então, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirma que os problemas são pontuais.
Estado
Por meio de nota, a direção do HGV informa que, com um curto-circuito no ar-condicionado do CME, no dia 8 passado, “foi necessário suspender algumas cirurgias enquanto toda a área era higienizada, evitando, assim, qualquer risco para os pacientes”, tendo os casos de urgência sido encaminhados para outras unidades. Mas que a situação já foi normalizada e no último final de semana as cirurgias de emergência ocorreram normalmente, sendo realizados 75 procedimentos.
A direção ressalta que as cirurgias eletivas, marcadas previamente, não ocorrem nos finais de semana. E assegura estar “abastecida dos insumos necessários para as cirurgias e que as faltas são pontuais, havendo um esforço da gestão para resolver caso a caso”.
Sobre a paralisação, o HGV diz que está dialogando. E que, apesar do movimento, foram realizadas nove cirurgias até às 12h ontem. E conclui informando que, “nos próximos dias, será entregue a nova emergência da unidade, com cem leitos, trazendo mais conforto para pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde que atuam no hospital”. Por mês, o HGV realiza mais de 2,2 mil atendimentos nas emergências, mais de 19 mil consultas no ambulatório e mil cirurgias.