Denúncia

Delegacia da Mulher não registra queixa de vítima ameaçada de morte

"Ele disse que me mataria com ácido muriático. Ele disse 'Ó, tá vendo esse caso na televisão? Eu faço a mesma coisa se tu me deixar'", contou a vítima

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 12/07/2019 às 11:40
Foto: Reprodução/ Google Street View
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Uma mulher ameaçada de morte, que também teria sido espancada e torturada pelo ex-companheiro, não conseguiu registrar um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, localizada no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife. O caso aconteceu nessa quinta-feira (11).

A vítima relatou que sofre há quase uma década com as agressões e ameaças do companheiro, que não aceita o fim do relacionamento. Durante esse tempo, a dona casa sofreu calada. Ela foi espancada, torturada e xingada, mas tinha medo, mas o medo sempre impedia a vítima de denunciar.

"Ele disse que me mataria com ácido muriático. Ele disse 'Ó, tá vendo esse caso na televisão? Eu faço a mesma coisa se tu me deixar'", disse.

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Denúncia

Depois de mais uma sequência agressões físicas e psicológicas, na última semana , a dona de casa achou que iria morrer e criou coragem e para denunciar o ex-companheiro. A vítima mora na Região Metropolitana e procurou a Delegacia da Mulher. Quando chegou lá, no entanto, ela foi informada, pela equipe de plantão, que o boletim de ocorrência só poderia ser realizado na cidade onde mora.

Instituto Maria da Penha

A equipe da TV Jornal procurou órgãos de apoio às mulheres vítimas de violência no Estado. Segundo o Instituto Maria da Penha, a denúncia poderia ter sido notificada em qualquer delegacia da cidade, inclusive na da mulher.

Ainda de acordo com o instituto, a equipe de Santo Amaro deveria ter tratado o caso da dona de casa com urgência.

Providências

A dona de casa conseguiu registrar o boletim de ocorrência, no final da tarde dessa quinta-feira (11), na cidade onde mora. Na manã desta sexta (12), a mulher e os filhos foram encaminhados para o Programa de Proteção do Governo do Estado. A Polícia Civil informou que orientou a vítima a procurar a delegacia da cidade onde mora para tentar agilizar o caso junto à justiça e que, em nenhum momento, ela disse que estava com medo de voltar para sua cidade.

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