POLÍCIA

Caso Miguel: depoimento da manicure foi fundamental para mudar tipificação do crime

O delegado Ramon Teixeira, responsável pelo caso, explicou a mudança

Yaci Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Yaci Ribeiro/JC Imagem

Após 30 dias de investigação e dezenas de depoimentos e perícias, Sarí Corte Real, que inicialmente havia sido indiciada por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), foi indiciada por abandono de incapaz com resultado de morte pela queda do pequeno Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, ocorrida no dia 2 de junho.

A decisão na mudança do inquérito foi tomada pelo delegado responsável pelo caso, Ramon Teixeira. "A conduta de permitir o fechamento da porta, claramente intencional, conduziu a criança à área de insegurança, diante dos vários riscos existentes no edifício. Com essa ação, diversas poderiam ser as formas de encontrar o resultado morte indesejável, mas previsível", disse Ramon.

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Segundo a polícia, Sarí alegou em seu depoimento que teria deixado o garoto sozinho no elevador ao ouvir o chamado da filha. Mas a versão foi contestada pelo delegado.

O depoimento da manicure que estava na casa de Sarí no momento em que tudo ocorreu foi fundamental para que o Ramon Teixeira mudasse a tipificação do crime.

Pena

A pena para abandono de incapaz com resultado de morte varia de 4 a 12 anos de reclusão.

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Perícia científica

Uma das peças mais importantes do inquérito é a perícia científica, realizada pelos peritos do Instituto de Criminalística. Na última sexta-feira, o delegado recebeu o laudo pericial feito no edifício. No documento, com mais de 80 páginas, os peritos constataram que Sarí Corte Real apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. O laudo mostrou também que não houve participação direta de ninguém na queda de Miguel, depois que o menino desce do elevador no 9º andar.

'Nenhum arrependimento', diz Mirtes sobre Sarí

Em entrevista exclusiva à TV Jornal, na manhã desta terça-feira (30), Mirtes Renata, mãe de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, conversou sobre o que ouviu de Sarí Corte Real, patroa da empregada doméstica, após o depoimento da suspeita na Delegacia de Santo Amaro, na área central do Recife. De acordo com Mirtes, em nenhum momento, Sarí demostrou arrependimento.

"Comecei a conversar com ela, pedi para ela olhar para a foto de Miguel. Em seguida, ela olhou. Mas sabe aquele olhar de tanto fez, tanto faz? Eles primeiro deixaram eu falar tudo o que tinha para falar e depois ela falou. Com um tom irônico, debochado, sem nenhum pingo de arrependimento em nada que fez", revelou.

Caso Miguel

Miguel era filho de Mirtes Renata Santana de Souza, empregada doméstica de um dos apartamentos do Condomínio Píer Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife.

A patroa dela, Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), foi presa em flagrante, indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil.

O fato aconteceu na tarde da terça-feira, dia 2 de junho, quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.

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