DOENÇA DA URINA PRETA

Síndrome de Haff: Após casos suspeitos da doença em Pernambuco, comerciantes sofrem com diminuição nas vendas de peixes

O diretor da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, Josemaryson Damascena, afirma que por enquanto não há motivo para as pessoas deixarem de consumir qualquer espécie de peixe

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 25/02/2021 às 13:00 | Atualizado em 05/10/2022 às 7:49
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Após cinco casos suspeitos da doença da urina preta, mais conhecida como Síndrome de Haff, devido ao consumo do peixe, comerciantes sofrem com a diminuição das vendas do pescado.

Nos boxes no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, os comerciantes estão preocupados com o movimento que anda fraco.

Segundo eles, as vendas despencaram desde o início da semana. Os vendedores acreditam que o fato está relacionado com o caso das duas irmãs que foram internadas após terem consumido um peixe da espécie Arabaiana.

Venda de peixes

Josenilson Matias, pescador há mais de 40 anos, relata que seu comércio registrou queda de mais de 50%, comparado a semana passada.

Já no quiosque Eneas da Lagosta, os peixes estão armazenados no gelo. Na manhã desta quinta (25), ele recebeu vários quilos, mas o cliente não apareceu.

No mercado de São José a situação se repete. E os comerciantes também estão sentindo falta do consumidores na compra do peixe.

Consumo de peixes

O diretor da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, Josemaryson Damascena, afirma que por enquanto não há motivo para as pessoas deixarem de consumir qualquer espécie de peixe.

"Esses casos são isolados, esporádicos e não podemos generalizar", afirma. Segundo o diretor, parte do pescado que foi consumido pela família está em análise.

Toxina do Peixe

Esta enfermidade é causada, segundo os médicos, pela contaminação por uma toxina que se desenvolve em peixes que não são bem armazenados em temperaturas adequadas.

"O peixe não é armazenado de forma adequada nem tratado de forma adequada, então ele produz uma toxina. Você come o peixe, não nota que tem essa toxina, o gosto não tem alteração", explica o médico infectologista Filipe Prohaska

"Poucos dias depois, você começa a ter a dor muscular intensa e a urina começa a ficar preta. Você deve procurar de imediato uma unidade hospitalar, quando isso acontecer", alerta.

Como se prevenir da doença da urina preta?

Segundo o especialista, para evitar este tipo de contaminação, é necessário ter cuidado com o local onde se compra o peixe.

"Muito cuidado onde você compra o peixe. Muito cuidado em checar como aquele peixe chegou ali e como ele está sendo armazenado no momento da venda. O mais importante é comprar em lugares onde você tenha garantia da segurança", explicou Filipe Prohaska.

Ao portal G1, o médico detalhou que o ideal é que o peixe seja transportado e armazenado em temperaturas entre -2º e 8ºC.

Prohaska orienta que, caso o produto seja adquirido na feira, é necessário identificar se o peixe está sendo mantido no gelo, para preservar a temperatura ideal.

Peixes que causam contaminação

No caso das duas irmãs que adoeceram no Recife, a família informou que elas comeram peixe do tipo Arabaiana, também conhecido como Olho de Boi.

No entanto, outras espécies já estão relacionadas com casos descritos de Síndrome de Haff. É o caso do tambaqui.

Na Bahia, a doença já foi relacionada com o consumo do Badejo (Mycteroperca) e, no Amazonas, com o consumo do Pacu Manteiga (Mylossoma).

Síndrome de Haff no Recife

As duas irmãs adoeceram após comerem o peixe Arabaiana, uma delas está na UTI e a outra foi atendida na enfermaria de um hospital do Recife. Elas estão com a síndrome de Haff, também conhecida como doença da urina preta.

A síndrome é causada por uma toxina e provoca lesão muscular, além de afetar os rins.

>> Saiba tudo sobre a síndrome de Haff, a "doença da urina preta" transmitida por toxina do peixe

A mãe das duas mulheres, Betânia Andrade, concedeu entrevista ao programa Por Dentro com Cardinot, exibido nesta terça-feira (23), e fez um alerta para a população sobre o consumo do peixe.

"Muita gente não sabe, mas segundo o médico, vem do peixe essa toxina. Então queria dizer a todo mundo pra tomar cuidado. Minha filha está muito mal na UTI, a outra está no apartamento. Esse peixe está causando um mal muito grande a minha filha", declarou Betânia, emocionada.

Uma das irmãs recebeu alta hospitalar. Trata-se de Flávia Andrade, de 36 anos, que ficou na enfermaria e foi liberada na manhã desta quarta-feira (24).

Já Pryscila Andrade, de 31 anos, segue na UTI. Porém, para alívio da família, a veterinária já apresenta melhora no quadro.

As informações foram repassadas para a TV Jornal pela mãe das irmãs, Betânia Andrade. As queixas das pacientes eram de fortes dores musculares e urina de cor escura. Elas consumiram o peixe arabaiana no dia 18 de fevereiro.

 

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