Audiência

Caso Miguel: Sari Corte Real é ouvida pela primeira vez na Justiça

Sari Corte Real é acusada de de abandono de incapaz com resultado na morte do menino Miguel, 5 anos.

Caterine Costa de Oliveira
Caterine Costa de Oliveira
Publicado em 15/09/2021 às 12:48 | Atualizado em 24/04/2022 às 19:39
Foto: Felipe Ribeiro
FOTO: Foto: Felipe Ribeiro

A ex-patroa da mãe do menino Miguel, Sarí Corte Real, foi ouvida na manhã desta quarta-feira (15) pela Justiça, em audiência de instrução. A mulher é processada após ter deixado a criança sozinha dentro do elevador do condomínio de luxo onde ela mora e onde a mãe de Miguel trabalhava como empregada doméstica, no centro do Recife.

Sari Corte Real chegou ao Centro Integrado da Criança e do Adolescente em um carro fechado e não parou para falar com a imprensa. Ela estava acompanhada do advogado Célio Avelino que falou sobre o interrogatório.

"Toda a conduta de Sarí esta filmada, está periciada, os peritos disseram que caso foi acidente, perícia feita pelo Instituto de Criminalística. Ela vai ser interrogada e não vai fazer esforço, vai contar o que ocorreu. Entendo que o movimento na rede social, na mídia, é legítimo, mas não vai alterar o que está no processo, nem vai ditar o ritmo da Justiça. A Justiça pernambucana age pelo que está no processo, não pela rua", afirmou o advogado.

Protesto

Parentes, amigos, representantes do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (GAJOP) e do Movimento Negro de Pernambuco realizam um protesto pacifico, nesta quarta-feira (15), em frente a Centro Integrado da Criança e do Adolescente local o qual ocorreu o interrogatório de Sari Corte Real acusada de abandono de incapaz com resultado na morte do menino Miguel.

Após longo debate entre juristas sobre a qual crime Sarí deveria responder, a Polícia Civil de Pernambuco decidiu indiciar a mulher por abandono de incapaz com resultado morte.

A denúncia foi aceita pelo Ministério Público de Pernambuco que, agora, é o responsável por pedir a condenação da mulher, que, na época da morte de Miguel, era primeira-dama do município de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco.

Além do crime de abandono de incapaz, a denúncia também apresenta dois agravantes: o fato de a vítima ser uma criança e de que o crime aconteceu "em ocasião de calamidade pública", por causa da pandemia do novo coronavírus.

Confira a reportagem:

Relembre o caso

No dia 2 de junho de 2020, em pleno pico da pandemia do novo coronavírus em todo o mundo, Mirtes Renata trabalhava como empregada doméstica num apartamento no condomínio conhecido como Torres Gêmeas, no Bairro do Recife, onde viviam Sari Corte Real, o esposo Sérgio Hacker, ex-prefeito de Tamandaré e os dois filhos do casal.

Naquele dia, ela levou o filho de cinco anos para seu local de trabalho, porque não tinha com quem deixá-lo. Depois do almoço, por volta das 13h, Mirtes desceu para passear com o cão dos patrões e deixou o filho no apartamento, sob os cuidados da dona da casa.

De acordo com o inquérito policial, o menino quis descer para ir ao encontro da mãe e foi deixado por Sari sozinho dentro do elevador do edifício, desembarcou no nono andar, acessou uma área onde são instalados os condensadores de ar condicionado do condomínio e acabou caindo de uma altura de cerca de 35 metros.

O menino não resistiu e morreu. Ainda de acordo com Mirtes Renata, a ex-patroa alega que só deixou a criança sozinha no elevador porque não conseguiu contê-lo.

"Querem 'adultizar' meu filho e infantilizar Sari. Ela alega que não teve pulso para conseguir segurar Miguel e impedido ele de entrar no elevador. Me machuca muito querer colocar a culpa no meu filho, uma criança de 5 anos de idade. Essa estratégia de defesa é muito baixa", lamentou Mirtes.

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