Educação

Educação Pós-pandemia: Brasil foi o país que mais fechou escolas e crianças de baixa renda foram as mais impactadas

Por causa desse fechamento, a distância entre o professor e os alunos aumentou, principalmente durante o processo de alfabetização

TV Jornal
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Publicado em 28/10/2021 às 15:25 | Atualizado em 23/01/2022 às 14:11
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FOTO: Reprodução/TV Jornal

O fechamento das escolas durante o momento mais crítico da pandemia comprometeu bastante a educação básica de milhares de estudantes.

Muitas crianças e adolescentes abandonaram a escola, outras apresentaram dificuldades para desenvolver habilidades simples como ler e escrever.

Assista ao terceiro episódio da série de reportagem da TV Jornal, Educação Pós-pandemia: desafios e soluções. Veja o vídeo:

É em uma sala de aula improvisada que a dona de casa Maria da Silva Santos tenta suprir as lacunas no aprendizado dos dois filhos.

Anielly, de 5 anos, ainda não entrou no processo de alfabetização, mas a mãe se antecipou depois que percebeu que as aulas remotas não estavam sendo suficientes para garantir o aprendizado do filho Alisson, de 8 anos.

>>Educação pós-pandemia: falta de acesso à tecnologia dificulta vida de alunos de baixa renda

Já era pra ele estar mais avançado, na leitura, na escrita. Agora que ele está começando a escrever com a letra normal. Antes ele só escrevia com letra de forma. Nada igual do que a escola, né? Escola é primordial.
Maria da Silva Santos, dona de casa

Escolas fechadas na pandemia de Covid-19

De acordo com um relatório da Organização Para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), que comparou 38 países, o Brasil foi o que mais manteve escolas fechadas em 2020. Foram 178 dias sem aulas presenciais, contra a média de 68 dias nos outros países.

Por causa desse fechamento, a distância entre o professor e os alunos aumentou, principalmente durante o processo de alfabetização - fase mais importante da vida escolar. Para os especialistas, a desigualdade educacional ficou muito evidente.

Principalmente as crianças mais novas, durante a pandemia vão ter um hiato educacional que precisa ser preenchido . A gente vai criar uma espécie de geração Covid. Se nada for feito, vão ter essas marcas e cicatrizes no seu ensino.
Marcelo Neri, diretor do Fundação Getúlio Vargas Social

Atraso na aprendizagem

Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas Social (FGV) mostra que o tempo médio de aulas online, oferecidas durante o primeiro ano de pandemia, foi de 2,37 horas aula por dia útil para alunos de 6 a 15 anos de idade.

Quando esse mesmo recorte é feito por renda, alunos de escolas privadas passaram mais tempo (3,33h) em aulas remotas do que os estudantes de escolas públicas (2,03h).

Outro relatório, lançado em março de 2021 pelo Banco Mundial, estima que a pandemia pode fazer com que 70% dos alunos brasileiros, com idade para estar no 5º ano do ensino fundamental, não consigam compreender textos simples.

Na comunidade do Bode, no Pina, Zona Sul do Recife, o estudante Ivson, de 14 anos, passou o ano de 2020 sem estudar. Sem celular ou computador, o menino, ao invés de estudar, teve que trabalhar para sustentar a casa.

Quando questionado se alguém da escola em que ele estudava foi até a residência dele levar atividades, ele respondeu que não. "Ninguém veio", relata o adolescente.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2020, 5,1 milhões de meninos e meninas de 6 a 17 anos não tiveram acesso à educação no Brasil - cenário semelhante ao que o país tinha no início dos anos 2000. Desses, 41% eram crianças de 6 a 10 anos, em situação de exclusão escolar.

>>Educação: Aulas remotas também foram desafio para professores durante pandemia de Covid-19

Em meio a pandemia, estudantes abandonam escolas

Em Pernambuco, mais de 9 mil alunos abandonaram a escola da rede estadual durante a pandemia. Dado que preocupa o secretário de educação do estado.

Essa evasão está em 4,6%. é uma taxa ainda muito elevada quando eu comparo com a média histórica por exemplo ano passado que era um e meio por cento. então, uma das consequências mais nefastas é o desestímulo dos estudantes. É importante a gente conscientizar todos estudantes que é preciso retornar sim às salas de aula.
Marcelo Barros, secretário da Educação de Pernambuco

Em Olinda, no bairro de Peixinhos, a Escola Municipal CAIC Profª Norma Coelho iniciou esse recolhimento dos alunos. O projeto "Escola Resgata" trouxe de volta à sala de aula mais 80 estudantes que não estavam acompanhando as aulas remotas, nem tinham voltado para as aulas presenciais.

O mapeamento de várias escolas aqui de Peixinhos através do Instagram para que eles repliquem a nossa chamada dessas crianças. Ações junto a rádio do bairro. Aqueles que não respondem nossos contatos, nós enviamos ofício ao Conselho Tutelar para que eles façam uma visita a essa criança.
Francisco Oliveira, diretor da escola

* Com informações de Cinthia Ferreira

Citação

Já era pra ele estar mais avançado, na leitura, na escrita. Agora que ele está começando a escrever com a letra normal. Antes ele só escrevia com letra de forma. Nada igual do que a escola, né? Escola é pri

Maria da Silva Santos, dona de casa
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Principalmente as crianças mais novas, durante a pandemia vão ter um hiato educacional que precisa ser preenchido . A gente vai criar uma espécie de geração Covid. Se nada for feito, vão ter essas marcas e cicatri

Marcelo Neri, diretor do Fundação Getúlio Vargas Social
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Essa evasão está em 4,6%. é uma taxa ainda muito elevada quando eu comparo com a média histórica por exemplo ano passado que era um e meio por cento. então, uma das consequências mais nefastas é o des

Marcelo Barros, secretário da Educação de Pernambuco
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Francisco Oliveira, diretor da escola

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