Com informações de Beatriz Albuquerque.
No dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Em meio ao alastramento de casos de racismo no Brasil e no mundo o combate a esse crime torna-se um grande desafio.
Uma poderosa arma para vencer essa mazela social é o investimento e enaltecimento da cultura vinda dos afrodescendentes.
Na cidade de Olinda, especificamente no bairro de Peixinhos, há 25 anos, o Balé Afro Majê Molê vem mudando a vida de muitos jovens da comunidade.
O lema do grupo é romper barreiras através da cultura negra. Uma missão que fica por conta do professor e coreógrafo, Gilson Gomes. Ele fala com orgulho do trabalho que desempenha.
"Para mim é muito orgulho. Eu passar isso pra eles e eles aprenderem. Sabendo que a cultura negra é resistência e tem futuro", comenta o professor.
Falta de representatividade
Infelizmente não são todas as crianças que passam por essa experiência que os alunos do professor Gilson Gomes podem desfrutar.
Para muitos negros lidar com o racismo na infância, sem ter referências de representatividade é algo bastante comum.
A pedagoga, escritora e contadora de estórias, Kemla Baptista, decidiu contribuir para a mudança dessa realidade.
Ela notou que algumas das crianças com as quais ela convivia, passavam por situações semelhantes. Kemla conta que a partir disso, despertou para um propósito que desempenha há 13 anos.
Foi aí que surgiu o "caçando estórias", o resultado de uma série de ações que tiveram início em comunidades tradicionais de terreiro no Rio de Janeiro e depois em Pernambuco.
Com o avanço da pandemia, e para ninguém perder as atividades desenvolvidas por ela, Kemla passou a se dedicar a um canal no YouTube.
Pela plataforma, os pequenos aprendem a desbravar a cultura afro-brasileira de maneira lúdica e divertida.
"A melhor resposta do que venho fazendo há tanto tempo é quando vejo a criança vindo conversar comigo e revelar alguma coisa que ela passou e ela diz que já sabe que é algo que ela pode mais deixar, "agora já sei que sou importante". A diversão é um convite para a reflexão", comenta a educadora.
Protagonismo negro
No lugar de evocar a dor, o ideal é celebrar e se orgulhar da cultura. O sonho pela igualdade racial é antigo, mas ainda faz muito sentido. Um retrato de uma justiça moldada pelo racismo estrutural.
A atual presidenta da comissão de igualdade racial da Organização dos Advogados do Brasil (OAB) de Pernambuco e primeira mulher negra a assumir uma cadeira no Conselho Estadual da OAB, Manoela Alves, conhece bem as entrelinhas da justiça brasileira.
Para ela, a lei de racismo no brasil está coberta de falhas.
"Os meios de existem para enfretamento do racismo ainda são muito ineficiente. O estado brasileiro precisa se comprometer com esse enfrentamento.
Tanto que atualmente tem uma comissão formada por juristas negros na câmara dos deputados para revisar a legislação antirracista. Visando com ela seja mais efetiva", comentou a advogada.