Grande Recife

Problemas em estações de BRT geram desconforto e dor de cabeça

Estações inacabadas e danificadas, calor, insegurança e poluição são algumas das queixas feitas pelos usuários de BRT na Região Metropolitana do Recife

Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

Em média, 140 mil passageiros usam, diariamente, os BRTs (Bus Rapid Transit) na Região Metropolitana do Recife (RMR). Esse modelo de ônibus foi implantado no ano de 2014, com a promessa de garantir aos usuários um maior conforto, com veículos espaçosos e climatizados, além de estações modernas e refrigeradas para embarque e desembarque. No entanto, após cinco anos, a impressão é de que boa parte desse planejamento ficou no papel.

A estrutura planejada para garantir toda essa melhoria para a população vem sendo alvo de críticas. O corredor Norte-Sul do BRT, por exemplo, o maior da RMR, está cheio de buracos e oferece grande risco de acidentes. A maioria das 42 estações de BRTs da RMR traz desconforto aos passageiros. A lista de reclamações é extensa: superlotação, calor, insegurança, falta de iluminação e acessibilidade, poluição sonora e visual. A falta de manutenção é outra problemática recorrente, visto que há pontos com vidros quebrados e portas remendadas, além das estações que nem chegaram a ser concluídas.

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Denúncia dos usuários

"Calor, barulho, sujeira. Você chega aqui no final da tarde e isso aqui está um inferno. Ninguém consegue entrar, porque tem muito camelô aqui dentro", relatou a escriturária Kátia Ivo, que enfrenta esses problemas diariamente para chegar ao trabalho.

Para o usuário João Gabriel, a diferença entre os BRTs e o transporte comum é mínima "Não tem muita diferença, porque não tem conforto. É lotado, a passagem é cara, assim como o transporte normal. A gente paga uma passagem tão cara, deveríamos ter o mínimo de conforto", reiterou.

Acessibilidade

Para as pessoas com algum tipo de deficiência, a situação se torna ainda mais grave. O estudante Benoit Almeida é cadeirante e, para garantir a mobilidade, geralmente necessita do auxílio de outros passageiros. "Muitas vezes a plataforma fica quebrada e eu preciso pedir ajuda a quem está próximo para fazer a transferência para dentro dos BRTs", contou.

Calor

Por meio de um medidor de stress térmico, o engenheiro de segurança do trabalho, Diogo Soares, checou a temperatura dentro das estações de BRTs. Partindo do princípio de que os pontos deveriam ser refrigerados para garantir um maior conforto aos passageiros, o resultado não foi positivo.

Por volta das 9h, na estação Derby, localizada no centro do Recife, mesmo com poucas pessoas, o calor estava acima do ideal "A temperatura de 28 graus está muito acima do permitido, que deveria ser entre 20 e 23 graus", disse Diogo.

Em outra estação, também no centro da cidade, os números foram alarmantes. "A gente tá com 27.8 em um local onde não tem ninguém. Então, você imagina o que sofrem as pessoas aqui, quando o local está lotado", completou o engenheiro.

Desistência

À noite, a iluminação precária e a lotação deixam os usuários sem paciência. "Eu acho horrível. Parece um confinamento, é uma coisa absurda. Um empurra-empurra, um calor, uma pressão. Eu pensei que o serviço melhoraria, mas piorou tudo", disse a funcionária pública Rosineide Ferreira, que completou: "Desisti e vou pegar dois ônibus comuns para voltar pra casa. Paguei mas não vou ficar. Muito ruim".

Nota

Em nota, o Grande Recife Consórcio informou que, a partir de junho, vai ser dado início ao serviço de recuperação das estações com conserto das cobertas, piso, forro, parte elétrica, gradil e rampas de acesso. A previsão é de que, até o fim do ano, sete estações sejam revitalizadas. A respeito das obras que não foram concluídas, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação disse que a paralisação ocorreu por causa de uma rescisão unilateral dos contratos das emissoras contratadas. A secretaria também informou que não há prazo para a conclusão das obras.