O primeiro surto de doença de Chagas de Pernambuco é possivelmente o maior do Brasil. São 22 municípios considerados prioritários para a doença, causada pelo Trypanosoma cruzi (parasita encontrado em fezes de insetos) e acompanhados pelo Programa de Enfrentamento as Doenças Negligenciadas, o Sanar. Além disso, 40 cidades (29 no Sertão e 11 no Agreste) aparecem com triatomíneos infectados, que atuam como vetores na transmissão e são chamados popularmente de barbeiro.
Entre elas está Ibimirim, no Sertão de Pernambuco, epicentro do surto, que envolve, pelo menos, 77 pessoas: 69 adultos e adolescentes, além de oito crianças (uma delas está entre os casos confirmados). O diagnóstico da doença de Chagas foi confirmado em 25 pessoas, das quais seis continuam internados Hospital Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, área central do Recife.
Confira lista dos municípios com triatomíneos infectados em 2018 em PE:
- Afogados da Ingazeira
- Afrânio
- Águas Belas
- Belém de São Francisco
- Bodocó
- Brejinho
- Cabrobó
- Calumbi
- Canhotinho
- Capoeiras
- Carnaíba
- Carnaubeira da Penha
- Caruaru
- Cupira
- Flores
- Floresta
- Garanhuns
- Ibimirim
- Iguaraci
- Ingazeira
- Itacuruba
- Itapetim
- Jucati
- Mirandiba
- Orocó
- Pedra
- Petrolândia
- Petrolina
- Salgueiro
- Santa Cruz
- Santa Maria da Boa Vista
- São Bento do Una
- São José do Egito
- Serra Talhada
- Serrita
- Terezinha
- Terra Nova
- Tuparetama
- Venturosa
- Verdejante
Veja vídeo sobre doença de Chagas
Mais de 6 milhões de pessoas nas Américas vivem com Chagas
OPAS
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, cerca de 65 milhões de pessoas que vivem em 21 países endêmicos das Américas correm o risco de contrair a doença de Chagas, uma infecção parasitária que atinge cerca de 12 mil vidas na região a cada ano. A doença de Chagas, ou tripanossomíase americana, é causada pelo parasito Trypanosoma cruzi e pode ser transmitida por meio de insetos, transfusões de sangue, de mãe para filho durante a gestação ou parto e por alimentos. Mais de 6 milhões de pessoas nas Américas vivem com Chagas; a maioria delas não sabe que está infectada. Estima-se que 28 mil novos casos ocorrem por transmissão vetorial e outros 8 mil novos casos por transmissão congênita.
Todas essas características fazem da doença de Chagas uma patologia regional com impacto negativo em saúde pública e com potencial de dispersão para outros continentes por transmissão congênita e sanguínea. No entanto, os profissionais de saúde da região se mantêm e trabalham com poucas informações, bem como com capacitação mínima. Por isso, o guia se propõe a fortalecer as capacidades desses profissionais para diagnosticar e tratar a doença de forma oportuna e adequada, incluindo o manejo clínico integral.
Guia
Com o objetivo de melhorar a detecção e o manejo clínico da doença, a OPAS publicou em janeiro de 2019 um novo guia para o diagnóstico e o tratamento da doença de Chagas. O novo guia procura preencher estas lacunas, fornecendo procedimentos mais claros e padronizados para melhorar o atendimento e o tratamento para cada pessoa infectada, com o objetivo de contribuir para uma melhor saúde entre pacientes, suas famílias e comunidades. O documento foi desenvolvido por especialistas renomados e é baseado em evidências avaliadas com a metodologia GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation), fornecendo uma síntese de evidências atualmente conhecidas e publicadas sobre o assunto.