CORONAVÍRUS

Substância em veneno de cobra jararacuçu pode inibir avanço da covid

Pesquisa está sendo desenvolvida por universidades paulistas

TV Jornal
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Publicado em 24/08/2021 às 18:50 | Atualizado em 02/04/2022 às 15:16
Reprodução/ Instituto Vital Brazil
FOTO: Reprodução/ Instituto Vital Brazil

Com informações da Agência Brasil.

Vários pesquisadores de universidades paulistas identificaram uma proteína presente no veneno da cobra da espécie jararacuçu que pode auxiliar no tratamento da covid-19.

Uma parte da proteína, chamada de peptídeo, inibiu cerca de 75% da capacidade do vírus de se replicar em células de macaco.

O estudo foi realizado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), na cidade de Araraquara (SP) e publicado na revista científica Molecules, no dia 12 de agosto. 

Segundo o professor do Instituto de Química, Eduardo Maffud, que é um dos responsáveis pelo estudo, o grupo de pesquisa já havia identificado toxinas no veneno da cobra que possuíam alguma atividade antibacteriana:

 “Com o avanço da covid, a gente posicionou vários dos nossos peptídeos para ver se eles apresentavam atividade contra o SARS-CoV-2. Felizmente a gente obteve esse resultado interessante”, disse o pesquisador.

De acordo com o pesquisador, um possível remédio com o composto descoberto, ao desacelerar a replicação do vírus da covid-19, daria mais tempo para o organismo agir e criar os anticorpos necessários para resistir à doença.

“Isso ainda está em andamento, precisaria de estudos adicionais, mas a gente viu que esse peptídeo impede a replicação ou a multiplicação das partículas virais”, acrescenta Maffud.

Os pesquisadores vão avaliar também a eficiência de diferentes dosagens da molécula, e se ela pode exercer funções de proteção na célula, o que poderia evitar, inclusive, a invasão do vírus no organismo.

Segundo Maffud, os estudos vão seguir com a identificação de outros alvos em que esse peptídeo pode agir e no melhoramento da atividade dessa molécula para, então, serem feitos testes in vivo em cobaias, como camundongos.

“Se o resultado for positivo, vamos desenvolver um tratamento.”

Unesp

Além de cientistas da Unesp, o trabalho envolveu pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Foi um trabalho multidisciplinar, mostrando que a união dos grupos de pesquisa no Brasil pode apresentar resultados muito interessantes”, destacou o professor da Unesp.