Saúde

Doenças do coração matam mais que câncer, acidentes e covid-19: confira tudo o que você precisa saber neste Dia Mundial do Coração.

A campanha do Dia Mundial do Coração divulga alertas no dia Mundial do coração, comemorado nesta quarta-feira (29)

Agência Brasil
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Publicado em 29/09/2021 às 8:49 | Atualizado em 13/01/2023 às 14:40
A OMS aponta que as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo - Getty Images
FOTO: A OMS aponta que as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo - Getty Images

O objetivo do Dia Mundial do Coração, celebrado hoje, 29 de setembro, é conscientizar a população sobre os principais fatores de risco das doenças cardiovasculares, as que mais matam pessoas no mundo.

Em entrevista à Agência Brasil, Bruno Bandeira, diretor de Comunicação da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), comentou: “Mata muito mais do que câncer, do que acidente automobilístico e do que a covid-19”

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são responsáveis por 32% de todas as mortes globais ocorridas no ano de 2019. No total são 17,9 milhões de pessoas, sendo 85% delas de infarto ou derrame.

De acordo com os Dados do Cardiômetro, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de janeiro deste ano até as 16h07 de ontem (28), o número de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil totalizava 299.304 pessoas.

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Como melhorar sua saúde?

A campanha do Dia Mundial do Coração procura conscientizar a população sobre bons hábitos de saúde, como, por exemplo, uma boa e equilibrada alimentação, o abandono por completo do tabagismo e a prática de atividade física regular cinco vezes por semana, durante 30 minutos.

“Com a atividade física, a gente vai sair do sedentarismo e reduzir a obesidade, além de controlar a pressão arterial, o colesterol e o açúcar. Ou seja, evitar a hipertensão, o colesterol elevado e o diabetes. Essas são as principais recomendações em relação à prevenção das doenças cardiovasculares. Controlando isso, a gente vai evitar essas doenças”, diz o cardiologista Esmeralci Ferreira.

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Prevenção de doenças cardiovasculares

De acordo com a SBC, no Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas possui alguma doença cardiovascular e pelo menos 400 mil morrem anualmente em decorrência dessas enfermidades, correspondendo a 30% de todas as mortes no país.

O cardiologista Esmeralci Ferreira, do setor de hemodinâmica do Hospital Pan-Americano, comenta que “é muito mais fácil cuidar da saúde do que da doença. Sendo assim, a prevenção de fatores de risco é o melhor caminho para evitar doenças cardiovasculares”.

De acordo com o médico, os principais cuidados com a saúde do coração estão relacionados a fatores comportamentais e hábitos fáceis de serem incorporados no dia a dia.

Esmeralci Ferreira confirma que manter hábitos saudáveis é fundamental para preservar a saúde do músculo cardíaco. Ele recomenda manter uma alimentação saudável, evitar o excesso de álcool e não fumar também melhoram a saúde do coração

Para quem não tem nenhum tipo de doença, o ideal é consultar um cardiologista uma vez por ano. E para quem tem alguma comorbidade, de duas a quatro vezes por ano. Atividades físicas são essenciais e podem ser feitas de maneira prazerosa, como caminhadas ao ar livre, subir e descer escadas em vez de usar o elevador e andar de bicicleta”
cardiologista Esmeralci Ferreira

Segundo o especialista, outro problema comum atualmente, são os altos níveis de estresse, que podem estimular problemas cardíacos, já que a aceleração dos batimentos é capaz de aumentar a pressão arterial.

A pressão alta, por sua vez, tem impacto no coração, acarretando maior risco de infarto e AVC. “Às vezes, pequenas medidas, como realizar refeições tranquilas, sem estresse e sem fazer uso de celulares e televisões, podem ajudar a preservar a saúde do coração. Coma com prazer e qualidade. Isso faz diferença, inclusive no alívio do estresse”, recomenda o cardiologista.

A Covid-19

Outro tema em destaque no Dia Mundial do Coração é a covid-19 e seus efeitos na saúde do coração. O coordenador da Unidade Coronariana da Casa de Saúde São José (Rede Santa Catarina), Gustavo Gouvêa, chamou atenção para os cuidados com o coração e os riscos na pandemia.

O coordenador admite que a covid-19 pode afetar diretamente o coração, causando uma inflamação chamada miocardite, decorrente do próprio vírus que gera a doença. O que pode ocasionar uma arritmia e até manifestações parecidas com um infarto.

Gustavo Gouvêa citou estudo feito por um grupo de cardiologistas do Hospital San Raffaele, em Milão, na Itália, considerado referência para complicações cardiovasculares da covid-19. Os médicos avaliaram 138 pacientes internados pela doença, dos quais 16,7% desenvolveram arritmia e 7,2% apresentaram lesão cardíaca aguda.

Gouvêa orientou que os pacientes com covid-19 que tenham sintomas de doenças cardiovasculares, como dor no peito, palpitações e desmaios, devem procurar uma emergência ou um cardiologista para fazer exames específicos, entre eles eletrocardiograma, ecocardiograma e dosagem de enzimas. Alertou que depois da fase aguda da doença, é preciso seguir com o acompanhamento médico para verificar se a inflamação foi revertida e se houve alguma sequela.

Bruno Bandeira, diretor de Comunicação da Socerj, observou que a miocardite não deve ser motivo de não vacinação. “A pessoa deve se vacinar”.

Como agir no pós-covid? 

Gustavo Gouvêa informou que 85% dos casos dos pacientes com covid-19 são leves, de pessoas tratadas em casa e sem gravidade. Para essas pessoas, após o período de 10 a 14 dias, é possível retomar a rotina, inclusive as atividades físicas. Para os 15% que tiveram um quadro clínico mais grave, com hospitalização, é necessário fazer uma avaliação clínica ou cardiológica para garantir que não há nenhuma sequela, especialmente para retomar exercícios físicos.

Segundo o especialista, uma parcela desses pacientes vai precisar passar por uma reabilitação cardíaca para voltar a praticar exercícios, com supervisão.

Muitos perderam massa muscular, pois ficaram dias acamados. Para retomar as atividades, devem passar por um programa específico para recuperar, lentamente, sua saúde e o vigor físico".
Gustavo Gouvêa

As doenças do coração e crianças 

Dados da Federação Mundial do Coração apresentam a existência de 155 milhões de crianças obesas e acima do peso no planeta. Segundo a estimativa, as chances delas sofrerem com o sobrepeso quando adultas é de 80%. Logo, essas crianças possuem maior risco de desenvolver enfermidades cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC).

Crianças e jovens com sobrepeso têm três a cinco vezes mais chances de sofrer um infarto ou AVC antes de chegarem aos 65 anos de idade, além do grande risco de desenvolver diabetes.

Fabiana Peleteiro, nutricionista, advertiu que “o sobrepeso na infância acaba gerando um acúmulo maior de gordura nas artérias ao longo dos anos, o que aumenta as chances de infarto e AVC”.

Por isso, a prevenção primária das doenças cardiovasculares precisa começar na infância e estar diretamente relacionada à mudança de hábitos alimentares e de estilo de vida.

Citação

Para quem não tem nenhum tipo de doença, o ideal é consultar um cardiologista uma vez por ano. E para quem tem alguma comorbidade, de duas a quatro vezes por ano. Atividades físicas são essenciais e podem ser feitas de m

cardiologista Esmeralci Ferreira
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Muitos perderam massa muscular, pois ficaram dias acamados. Para retomar as atividades, devem passar por um programa específico para recuperar, lentamente, sua saúde e o vigor físico".

Gustavo Gouvêa