Foram diversos os desafios enfrentados por centenas de bombeiros nas buscas pelas vítimas soterradas pelo temporal que atingiu a Região Metropolitana Recife no final do mês de maio.
Equipes de bombeiros trabalharam em áreas de difícil acesso, na chuva e na escuridão; último corpo foi localizado na manhã desta sexta (3), uma semana após ser soterrado
O cansaço do trabalho braçal e o medo de novos desabamentos não impediu que as equipes de bombeiros atuassem dia e noite na missão pela busca das pessoas desaparecidas em meio as chuvas.
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Na manhã desta sexta-feira (3), o último corpo foi encontrado no município de Camaragibe.
A vítima chama-se Mércia José do Nascimento, de 43 anos. Mércia era empregada doméstica e foi encontrada no último sábado (28), soterrada, na comunidade em que morava.
Os registros do momento de celebração entre os bombeiros pela conclusão das buscas são do cinegrafista TV Jornal Welington Lima, as equipes também oraram pelos mortos.
ESFORÇO COLETIVO
Registradas na primeira fotografia desta reportagem, as mãos que se apoiam foram as mesmas que seguraram enxadas, baldes e outras ferramentas para retirar toneladas de lama e destroços que escondiam os corpos das vítimas.
As equipes trabalharam de dia e de noite em áreas de difícil acesso, com solo escorregadio.
Em diversos momentos, as buscas foram realizadas durante as chuvas e em meio a escuridão da madrugada.
Apesar das várias horas a partir dos soterramentos e com as chances de encontrar sobreviventes diminuindo a cada minuto, os socorristas não desistiram - sendo parados apenas quando o mau tempo se impunha.
Os moradores reclamaram da demora pelo início do socorro em algumas comunidades. A indignação é pertinente, mas deve ser encaminhada às autoridades responsáveis pela gestão pública.
No que puderam fazer individualmente, os profissionais do Corpo de Bombeiros que estavam em campo demonstraram uma bravura incessante. A eles, todos os parabéns!
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UM DESASTRE QUE PODERIA SER EVITADO
Segundo dados oficiais do governo de Pernambuco, foram contabilizados 128 mortos. Para o trabalho nessa tragédia, Pernambuco contou com o apoio de bombeiros militares de outros estados como Minas Gerais, Bahia e Paraíba - equipes formadas por homens e mulheres.
Contudo, todo esse esforço - por parte do time de bombeiros - não seria necessário se obras de infraestrutura para suportar grandes volumes de água fossem colocadas em prática, bem como se os sistemas de comunicação e evacuação da população moradora de áreas de risco funcionassem.
“Na periferia, onde há condições precárias de habitação, a água utilizada nas casas vai para o morro, porque não há coleta de esgoto. As pessoas constroem fossas sem o mínimo de orientação técnica, fazendo com que as águas se juntem às das chuvas e favoreçam os deslizamentos", cita como exemplo de problema, o geólogo e professor de Engenharia Ambiental Fábio Pedrosa, em entrevista ao JC.
“São cidades muito baixas, então a drenagem precisa ser uma prioridade urbana. Mesmo no verão, há ruas do Recife que ficam alagadas com a maré alta”, acrescenta o especialista, apontando para a falta de um processo adequado de escoamento da água.
No Jardim Monte Verde (comunidade com áreas no Recife e em Jaboatão), local com o maior número de mortos, já haviam sido registrados deslizamentos de terra semelhantes em outros períodos de chuva em 2000, 2002, 2007 e 2021.
“A gente não controla o tempo, com as mudanças climáticas, as chuvas vão ser mais imprevisíveis e intensas. O que a gente pode controlar é o investimento público, mas os governos não vêm destinando o recurso adequado para eliminação do risco, e não ter obras estruturantes para essas áreas é condenar as pessoas à morte”, afirmou a diretora Executiva Nacional da Habitat para a Humanidade Brasil, Socorro Leite.
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CHUVAS NO GRANDE RECIFE JÁ DEIXARAM 128 MORTOS
A Região Metropolitana do Recife sofre com intensas chuvas desde a última semana de maio.
Pelo menos 128 pessoas morreram, entre os dias 25 e 28 de maio, de acordo com os dados oficiais do governo de Pernambuco. Na maioria dos casos, as vítimas morreram soterradas em deslizamentos de terras em comunidades pobres onde viviam.
As mortes se concentram em morros da periferia do Recife e Jaboatão dos Guararapes. Há óbitos confirmados também nas cidades de Olinda e Camaragibe.
Houve pontos de alagamentos em vários bairros das cidades. No entanto, não há registro de feridos ou mortos nos bairros mais nobres da região metropolitana.
Segundo o governo de Pernambuco, ao menos 7 mil pessoas precisaram ser levadas para abrigos temporários. O número de famílias que perderam tudo é incerto.
